Do Micro Ao Macro
PMEs enfrentam crise: 9 em cada 10 sofrem com finanças desorganizadas
Levantamento mostra que a má gestão compromete a sobrevivência dos pequenos negócios; uso de tecnologia pode reverter o quadro


A falta de estrutura financeira ameaça a maioria das pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 90% dos líderes desses negócios relatam enfrentar dificuldades com as finanças. O dado revela um problema recorrente de gestão que impacta diretamente a capacidade dessas empresas de operar de forma sustentável.
Esses empreendimentos são responsáveis por grande parte da geração de empregos no país, mas operam sob risco constante. Sem planejamento estruturado e com pouco controle sobre receitas e despesas, tornam-se mais vulneráveis a oscilações do mercado.
Improviso ainda domina a rotina
De acordo com Luan Stocco, CTO e cofundador da vhsys, muitas PMEs ainda gerenciam suas finanças de forma improvisada. “A maioria dessas empresas opera com uma gestão frágil, muitas vezes baseada no improviso. A falta de controle sobre o fluxo de caixa e a ausência de planejamento financeiro, somados, deixam essas empresas vulneráveis a qualquer instabilidade do mercado”, explica.
Com a alta dos juros e o crédito mais caro, os erros de gestão passam a cobrar um preço mais alto. A empresa mal estruturada tem dificuldade para negociar com fornecedores, manter a folha de pagamento e planejar investimentos. Em muitos casos, isso leva ao endividamento e, posteriormente, ao fechamento das portas.
Dados do Sebrae mostram que 29% das PMEs fecham antes de completar cinco anos, sendo a má gestão financeira uma das principais causas.
Tecnologia torna a gestão mais acessível
Apesar dos desafios, o cenário não é irreversível. Ferramentas tecnológicas ajudam a profissionalizar a administração do negócio, mesmo em empresas com orçamentos mais limitados.
Hoje, empreendedores têm acesso a softwares de gestão integrada, aplicativos de controle financeiro, dashboards com indicadores em tempo real e plataformas que automatizam tarefas contábeis. Essas soluções permitem acompanhar o desempenho da empresa com precisão e tomar decisões com base em dados concretos.
Orçamento e fluxo de caixa são pontos-chave
Definir um orçamento é o primeiro passo para manter o controle financeiro. A prática permite visualizar as receitas, as despesas fixas e sazonais, além de criar uma reserva para momentos de queda nas vendas. Com isso, o negócio ganha previsibilidade e reduz o risco de surpresa no fim do mês.
O acompanhamento diário do fluxo de caixa também se torna essencial. Saber exatamente o que entra e o que sai permite ações preventivas, como ajustar gastos antes que virem dívidas.
Gestão estratégica, não burocrática
Para Luan Stocco, o maior erro está na visão distorcida que muitos empresários ainda têm da gestão. “Além do uso dessas ferramentas, é necessário que o empresário entenda que gestão não é uma tarefa burocrática, mas estratégica. Não se trata apenas de ‘fazer conta’, mas de enxergar o negócio com clareza, entender onde estão os gargalos, quais produtos ou serviços são mais rentáveis e como tomar decisões com base em dados, e não em suposições”, afirma.
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