Do Micro Ao Macro
PIX Automático: veja como prevenir novos tipos de golpes
Engenharia social, contas laranja e autorizações falsas estão entre os riscos que demandam reforço nos modelos de prevenção


O PIX Automático, lançado pelo Banco Central em junho de 2025, marca uma nova fase nos pagamentos recorrentes no Brasil. Ao permitir débitos automáticos com autorização prévia do usuário, a ferramenta promete mais agilidade e praticidade. No entanto, também traz novos riscos ligados à engenharia social e ao uso indevido de dados.
Segundo Rafaela Helbing, CEO da Data Rudder, especializada em inteligência antifraude, criminosos podem simular cobranças legítimas por meio de notificações falsas. “Podem se passar por serviços de streaming ou academias, por exemplo, e induzir o usuário a autorizar um débito”, afirma.
Além disso, há o risco de invasões silenciosas, por meio de vulnerabilidades em aplicativos ou dados vazados. O fluxo automático dificulta a detecção imediata e pode levar à perda financeira em cadeia. Outro ponto de atenção é o uso de contas de passagem — conhecidas como “contas laranja” — para distribuir valores rapidamente, o que dificulta o rastreamento dos recursos.
Riscos exigem mudanças nos protocolos
Para reduzir o impacto das fraudes, as instituições financeiras devem adaptar seus sistemas e processos desde a autorização do débito. A especialista recomenda reforço nos controles de identidade, monitoramento em tempo real e análise em rede das transações.
Veja os principais pontos de atenção destacados:
- Validação de dados: ampliar a verificação de identidade e comportamento desde a abertura da conta.
- Monitoramento da autorização: identificar autorizações incomuns, como várias permissões para recebedores desconhecidos em sequência.
- Análise em rede: rastrear padrões entre contas, dispositivos, localização e frequência de uso.
- Educação do usuário: oferecer um processo de autorização transparente, com alertas e possibilidade de reversão.
- Prevenção antecipada: investir em modelos preditivos baseados em machine learning e anomalias comportamentais.
Inteligência artificial aliada
Plataformas antifraude podem ser adaptadas ao novo modelo de PIX, atuando com algoritmos ajustados ao perfil de cada instituição. As soluções abrangem todo o ciclo da transação, desde o onboarding do cliente até o monitoramento do débito, com módulos de compliance integrados à Resolução Conjunta nº 6 do Banco Central.
Segundo Rafaela, o desafio não está apenas na segurança do fluxo do PIX, mas em como o usuário é guiado na experiência de autorização. “Transparência, controle e comunicação clara serão determinantes para evitar golpes”, afirma.
A especialista reforça que, diante da automação dos pagamentos, o setor financeiro precisará atuar de forma proativa. Detectar movimentações suspeitas antes mesmo da execução da transação será um diferencial para evitar fraudes em escala.
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