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Pejotização em debate no STF pressiona mercado a criar novas práticas

Julgamento reacende discussões sobre proteção a profissionais enquanto empresas testam modelos mais justos para contratações via PJ

Pejotização em debate no STF pressiona mercado a criar novas práticas
Pejotização em debate no STF pressiona mercado a criar novas práticas
Pejotização em debate no STF expõe lacunas na proteção a profissionais: como o mercado pode avançar
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A pejotização, modelo de contratação em que profissionais atuam como pessoas jurídicas, voltou à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento busca definir limites e implicações legais de um regime que se expandiu rapidamente nos últimos anos, mas que ainda carece de regras claras e garantias mínimas.

Segundo a Receita Federal, mais de 5 milhões de trabalhadores atuam como PJs no Brasil. Áreas como tecnologia, comunicação, saúde e educação concentram a maior parte desses vínculos. Nos últimos dez anos, o número de profissionais nessa condição cresceu mais de 80%, impulsionado pela redução de custos para empresas e pela busca de flexibilidade.

Mercado em movimento

Sem uma regulação definida, parte do setor privado começou a criar alternativas. Algumas companhias vêm testando formatos que buscam equilibrar remuneração e segurança para profissionais contratados como pessoa jurídica.

Na área de comunicação, a HUG se tornou referência ao adotar pacotes diferenciados para esse público. Os salários pagos pela empresa são até 20% superiores à média do mercado e os PJs recebem benefícios antes restritos à CLT, como cartão flexível e apoio em saúde e bem-estar. O índice de retenção da companhia chega a 96%, contra média de 34% no setor.

Novas referências

Para Gustavo Loureiro Gomes, fundador e CEO da HUG, o mercado precisa preencher o vácuo regulatório com práticas que tragam maior estabilidade. “Estamos diante de um momento de inflexão. Se por um lado não há clareza regulatória, por outro o mercado precisa criar referências de boas práticas para garantir segurança mínima a profissionais que já estão nesse regime”, afirma.

Além da remuneração, a empresa aposta em processos seletivos mais rápidos e acompanhamento pós-contratação. O tempo médio para preencher uma vaga caiu de 25 para 18 dias, com meta de chegar a 12 dias até 2026. O objetivo é oferecer ao PJ não apenas a vaga, mas um caminho de suporte contínuo.

Futuro das relações de trabalho

Especialistas em gestão avaliam que a pejotização já é realidade consolidada no país. Porém, sem parâmetros adequados, tende a acentuar desigualdades. Modelos que oferecem benefícios, remuneração competitiva e acompanhamento profissional podem servir como referência para um mercado em transição e ajudar a desenhar novas bases para as relações de trabalho no Brasil.

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