Ofertas de passagens na Black Friday escondem riscos que muitos passageiros não conhecem

Com a chegada da Black Friday, a busca por promoções de passagens aéreas cresce de forma intensa. Mas, junto do preço baixo, vêm riscos que passam despercebidos por grande parte dos consumidores.

Regras tarifárias rígidas, políticas restritas de cancelamento, conexões longas e possíveis práticas de overbooking podem transformar uma oferta atraente em um problema. O alerta é do advogado Rodrigo Alvim, especialista em Direitos do Passageiro Aéreo.

Segundo ele, o cuidado deve começar antes do clique no botão de compra e seguir até o momento do embarque. “Passagens promocionais costumam ter regras mais duras para remarcação, reembolso e cancelamento. O passageiro precisa ler tudo e simular o custo total, incluindo taxas e bagagem”, afirma o especialista.

O que observar antes da compra

De acordo com Alvim, além das regras tarifárias, é fundamental conferir datas, horários e conexões. Voos de madrugada ou escalas longas aparecem com frequência nos bilhetes mais baratos. Ele também recomenda checar a reputação da companhia aérea ou da agência em plataformas como Reclame Aqui e Consumidor.gov.br.

Esses cuidados reduzem a chance de surpresas que podem encarecer a viagem ou torná-la mais cansativa do que o esperado.

Overbooking e o direito de embarcar

Após grandes períodos de promoção, cresce o número de casos de overbooking, prática em que companhias vendem mais assentos do que a capacidade da aeronave. Quando todos os passageiros comparecem, alguns podem ser impedidos de embarcar — mesmo com passagem confirmada.

Nessas situações, Alvim explica que a empresa tem obrigações imediatas. Primeiro, deve procurar voluntários dispostos a ceder o assento em troca de compensações, como milhas, vouchers ou dinheiro. Se não houver voluntários e o passageiro for barrado, ele tem direito a assistência material, reacomodação no primeiro voo disponível ou reembolso integral.

Além disso, há previsão de multa: cerca de R$ 1.600 para voos nacionais e R$ 3.200 para internacionais. “Receber a multa não impede ações judiciais por danos morais”, reforça o especialista.

Cancelamento e direito de arrependimento

Outra garantia importante é o direito de arrependimento. O Código de Defesa do Consumidor permite cancelar a compra sem custo até 24 horas após a emissão, desde que o voo esteja a pelo menos sete dias de distância. Alvim lembra que, mesmo com regras específicas do setor aéreo, muitos juízes reconhecem a aplicação do CDC, ampliando a proteção ao consumidor.

O advogado também destaca a responsabilidade das empresas ao alterar horários ou itinerários. Mudanças devem ser informadas com no mínimo 24 horas de antecedência. Ajustes superiores a 30 minutos em voos nacionais ou a 1 hora em internacionais permitem reembolso integral ou reacomodação, inclusive em outra companhia. Se o aviso ocorrer com menos de 72 horas, qualquer alteração dá direito a reembolso ou reacomodação imediata.

Golpes e fraudes durante a Black Friday

Com o volume de buscas por passagens, criminosos também ampliam as tentativas de fraude. Sites falsos, anúncios enganosos e perfis fraudulentos em redes sociais se multiplicam durante o período.

Entre as medidas preventivas, Alvim sugere verificar a URL, desconfiar de ofertas extremamente baratas, evitar links suspeitos e preferir pagamento por cartão de crédito, que facilita contestação em caso de golpe.

Dicas finais para uma compra segura na Black Friday

Para minimizar riscos, Alvim recomenda práticas simples:

• Guardar comprovantes, recibos e protocolos.
• Realizar check-in online assim que liberado.
• Monitorar o status do voo até a data da viagem.
• Registrar problemas com fotos e anotações.

“Planejamento e informação são as melhores ferramentas contra armadilhas. A Black Friday pode oferecer boas oportunidades, desde que o passageiro saiba exatamente o que está comprando”, conclui o especialista.