Do Micro Ao Macro
O que grandes corporações buscam ao investir em startups?
Gigantes de setores como finanças, indústria e varejo usam inovação aberta para acelerar processos, reduzir custos e ampliar resultados
Empresas com faturamento entre R$ 2 bilhões e R$ 300 bilhões têm utilizado a inovação aberta como caminho para resolver desafios estratégicos. Por meio de parcerias com startups, essas companhias buscam agilidade, produtividade e retorno financeiro.
Segundo Silvio Kotujansky, diretor de inovação e novos negócios da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia), o modelo gera impacto direto nos resultados. “A inovação aberta não só otimiza processos e leva a posicionamentos estratégicos, como também proporciona retorno sobre o investimento”, afirma. Ele destaca casos em que grandes empresas chegaram a multiplicar por seis o valor investido.
Essas conexões são facilitadas pelo LinkLab, programa da ACATE que aproxima startups de empresas já consolidadas. Em sete anos, foram quase 600 desafios conduzidos com mais de 65 companhias atendidas e um cadastro ativo de 10 mil startups.
Ailos busca agilidade e transformação organizacional
A Ailos, cooperativa de crédito com mais de 1,6 milhão de cooperados e R$ 3 bilhões em capital social, utiliza a inovação aberta para acelerar mudanças internas. A instituição procura soluções que tragam mais velocidade e dinamismo ao negócio.
Tatiane Theiss, analista de gestão da inovação, afirma que as startups ajudam a renovar a cultura corporativa e a ampliar a visão estratégica. “Buscamos esse dinamismo e essa veia inovadora de soluções que estão sendo testadas e já apresentam resultados”, explica.
ArcelorMittal foca em retorno e qualidade das equipes
A ArcelorMittal, maior produtora de aço do Brasil e líder mundial no setor, utiliza a inovação aberta para selecionar startups com tecnologias sólidas e alto potencial de retorno financeiro. A empresa emprega cerca de 126 mil pessoas globalmente, sendo 19 mil no Brasil, e atende a clientes em 140 países.
Para Lincoln Possada de Rezende, assessor de relacionamento com o ecossistema da companhia, o time da startup é decisivo na hora de fechar parcerias. “O diferencial está nas pessoas. A equipe da startup é um fator central na escolha”, afirma. A ArcelorMittal liderou o ranking TOP 100 Open Corps da 100 Open Startups em 2024.
Integração de soluções
Com mais de 4,5 mil funcionários, o Bistek Supermercados é uma das principais redes varejistas do Sul do Brasil. A empresa adota a inovação aberta para se diferenciar no mercado e melhorar a experiência do consumidor.
Tatiana Goes Mendonça, que atua na área de inovação da rede, afirma que o foco está em tecnologias que possam ser rapidamente integradas à operação. “Queremos soluções que agreguem valor ao ecossistema e tragam benefícios diretos para o cliente e para os nossos processos”, diz.
As três empresas ilustram um movimento mais amplo de grandes corporações que, diante da necessidade de transformação, encontram nas startups um caminho para evoluir com agilidade, testar soluções e ampliar os resultados financeiros.
Do Micro ao Macro
A editoria de empreendedorismo de CartaCapital
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.