Do Micro Ao Macro

Mulheres travadas pela sobrecarga: 9 em cada 10 não avançam financeiramente, mostra Serasa

Estudo revela como o acúmulo de tarefas domésticas e profissionais afeta a renda, o crédito e o empreendedorismo feminino

Mulheres travadas pela sobrecarga: 9 em cada 10 não avançam financeiramente, mostra Serasa
Mulheres travadas pela sobrecarga: 9 em cada 10 não avançam financeiramente, mostra Serasa
9 em cada 10 mulheres não avançam financeiramente por conta da sobrecarga doméstica, aponta pesquisa Serasa
Apoie Siga-nos no

Nove em cada dez mulheres brasileiras dizem que o acúmulo de funções em casa e no trabalho prejudica sua vida financeira. O dado faz parte de uma pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, que mostra como a sobrecarga impacta diretamente a geração de renda e o avanço profissional feminino.

Mesmo com maior presença no mercado de trabalho, as responsabilidades domésticas seguem mal distribuídas. Esse desequilíbrio compromete a autonomia econômica de milhões de mulheres no Brasil.

Falta de tempo trava qualificação

Segundo o estudo, o desgaste causado pela administração da casa, do trabalho e da família reduz as chances de qualificação profissional. Com menos tempo e energia, muitas mulheres deixam de buscar cursos, ampliar redes de contato ou disputar novas oportunidades no mercado. O impacto é visível: menos chances de promoção, salários mais baixos e perda de competitividade.

Informalidade vira alternativa forçada

Diante das dificuldades, sete em cada dez mulheres já recorreram a trabalhos informais para completar a renda. Entre as principais motivações estão a necessidade de dinheiro imediato (36%), garantir algo para os filhos (23%) ou cobrir gastos que o salário fixo não alcança (20%).

Os serviços mais citados incluem revenda de produtos, faxinas, cuidados pessoais e entrega de alimentos. Essas ocupações, apesar de importantes, oferecem pouca estabilidade financeira e escassas oportunidades de crescimento.

Sobrecarregadas até no próprio negócio

Para muitas mulheres, empreender parece ser a saída. Mas mesmo no universo do empreendedorismo, a carga doméstica continua a limitar o desempenho. Dados da Serasa de março de 2024 mostram que 73% das empreendedoras dizem que as tarefas do lar dificultam a gestão dos seus negócios. Além disso, 74% precisaram fazer “bicos” para manter a empresa funcionando.

O histórico de dívidas também preocupa: 87% das empreendedoras já foram negativadas, e 68% tiveram pedidos de crédito recusados.

Endividamento reflete desequilíbrio

No total, 8 em cada 10 mulheres já tiveram o nome negativado, segundo a Serasa. Essa realidade é consequência direta da sobrecarga, da falta de tempo e da renda insuficiente. A falta de apoio institucional agrava o cenário, dificultando o planejamento financeiro e a regularização de dívidas.

Caminhos exigem mudança estrutural

Reorganizar a divisão das tarefas domésticas é um passo importante, mas não suficiente. Segundo o estudo, políticas públicas como acesso a creches, apoio ao crédito, formação empreendedora e educação financeira são medidas urgentes.

Além disso, o reconhecimento do trabalho doméstico não remunerado como parte da economia pode orientar melhores estratégias de apoio. Sem aliviar a carga, mulheres continuarão acumulando funções e abrindo mão do próprio futuro financeiro.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo