Do Micro Ao Macro
Menos discurso, mais ação: 4 estratégias para tornar o propósito parte real do negócio
Executivos compartilham como estão transformando valores em atitudes concretas que fortalecem reputação, vínculo com o consumidor e impacto social


O consumidor está mais atento. Campanhas com discursos inspiradores, mas sem ações consistentes, já não convencem. Em um cenário em que a palavra “propósito” virou lugar-comum, marcas que não conseguem provar sua coerência perdem espaço e relevância.
Segundo executivos de diferentes setores, transformar narrativas em atitudes concretas deixou de ser um diferencial e passou a ser um imperativo estratégico. Isso significa alinhar comunicação, cultura interna, produtos e decisões operacionais a valores reais e mensuráveis.
A seguir, quatro líderes compartilham suas estratégias para colocar o discurso em prática de forma estruturada.
Marcas precisam agir com consistência
Para Fernanda Fontes, CCO da Agência Ginga, conectar marcas a causas sociais exige muito mais do que slogans criativos. “Não se trata de adotar uma causa, mas de assumir um papel ativo, com impacto real e coerência em todas as esferas da operação”, afirma.
A conexão começa com escuta genuína, passa pela co-criação com as comunidades envolvidas e se concretiza em ações com continuidade. Campanhas pontuais, segundo ela, não constroem confiança — e podem ser percebidas como oportunismo.
Quando bem-feita, essa aproximação cria vínculos emocionais duradouros e reforça a reputação da marca como agente de transformação.
Inovação com impacto amplia a relevância
Na avaliação de Guilherme Queiroga, Head de Marketing da Food To Save, o alinhamento entre propósito, inovação e impacto é o motor para acelerar transformações reais.
A atuação da empresa na redução de desperdícios alimentares é um exemplo de como unir esses três elementos em soluções viáveis, com retorno tanto social quanto econômico.
Para ele, inovação com propósito deixa de ser discurso quando gera valor prático, influencia o setor e estimula novos modelos mais responsáveis.
Fidelização exige vínculo emocional
Na era da autenticidade, recompensar o cliente apenas pelo consumo já não é suficiente. É o que afirma Nara Iachan, CMO da Loyalme. Para ela, os programas de fidelidade precisam refletir o que a marca acredita e gerar pertencimento.
“Quando há coerência entre discurso e prática, a fidelização se torna um vínculo emocional e duradouro. O consumidor percebe que há um alinhamento real entre a promessa e a entrega”, explica.
A experiência, segundo Nara, deve ser construída com base em significado, não em acúmulo de pontos.
Incluir mulheres é compromisso prático
Para Tatyane Luncah, fundadora da EBEM, propósito começa com inclusão estruturada e sustentável de mulheres na economia. “Não basta falar sobre diversidade. É preciso criar ambientes que ofereçam acesso a conhecimento, rede e decisão”, afirma.
Sua atuação como mentora e fundadora de um ecossistema de apoio reflete esse compromisso. Ao impulsionar negócios liderados por mulheres, ela acredita estar colaborando para uma transformação econômica mais justa e potente.
Segundo Tatyane, é na prática — com formação, investimento e espaço — que a inovação ganha significado.
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