Do Micro Ao Macro
MEIs devem mais de R$ 2 bi em dívidas protestadas só em 2025; aumento supera 200%
Levantamento do IEPTB MG mostra avanço de 234,77% no valor total e quase metade dos registros de reincidentes; índice de recuperação nos cartórios chega a 60%


As dívidas de Microempreendedores Individuais (MEIs) protestadas em Minas Gerais já somam R$ 2,06 bilhões em 2025, segundo levantamento do Instituto de Protestos de Minas Gerais (IEPTB MG). Em 2022, o montante era de R$ 618 milhões — um aumento de 234,77% no período.
O número de protestos também cresceu de forma expressiva: foram 21.730 títulos em 2022 contra 67.359 neste ano. Do total registrado em 2025, 47,98% correspondem a reincidentes — MEIs que já tiveram outros protestos — e 52,02% são novos registros.
Avanço no volume e recorrência de dívidas
Para Leandro Gabriel, diretor-presidente do IEPTB MG, os números revelam tanto a importância do protesto extrajudicial para a recuperação de créditos quanto o desafio de conter a reincidência.
“Somente neste ano, já identificamos mais de 67 mil protestos de MEIs, envolvendo valores superiores a R$ 2 bilhões. Esse volume mostra que o mecanismo vem sendo amplamente utilizado pelos credores para resolver pendências financeiras com rapidez e segurança”, afirma.
Ele acrescenta que, considerando o acumulado dos últimos três anos, o impacto é ainda maior: foram 179.389 títulos protestados, somando mais de R$ 6,29 bilhões. “Quase metade desse total é de reincidentes, empreendedores que voltaram a ter dívidas protestadas, enquanto pouco mais da metade são novos registros. As origens das dívidas são diversas, sendo a grande maioria tributária, além de contas básicas como água, luz e telefone, e débitos com fornecedores. Isso demonstra como o protesto pode abranger diferentes tipos de inadimplência”, explica Leandro.
Índice de recuperação e digitalização do processo
De acordo com a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (ANOREG BR), os cartórios de protesto no país alcançam um índice médio de recuperação de crédito de 60%. Para Leandro, o resultado confirma a eficácia do sistema.
“A possibilidade de iniciar todo o processo de forma digital foi determinante para ampliar o alcance da ferramenta. Hoje, o credor pode enviar o título pela internet, acompanhar cada etapa e garantir que o devedor seja notificado dentro do prazo legal. Essa modernização encurtou prazos, reduziu custos e aumentou as chances de receber”, destaca.
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