Do Micro Ao Macro
Mansplaining e manterrupting ainda silenciam mulheres no trabalho
Práticas prejudicam equidade de gênero e afetam produtividade nas empresas, apontam especialistas


No ambiente corporativo, práticas como mansplaining e manterrupting seguem como barreiras para a igualdade de gênero. O mansplaining ocorre quando homens explicam algo de forma condescendente para mulheres, sem que haja solicitação. Já o manterrupting refere-se à interrupção constante da fala feminina. Esses comportamentos, segundo especialistas, limitam o avanço das mulheres no mercado de trabalho.
Dados do relatório Women in the Workplace, realizado pela McKinsey & Company em parceria com a LeanIn.Org, mostram que as mulheres representam 47% da força de trabalho global. No entanto, apenas 24% ocupam cargos de liderança.
No Brasil, um estudo do FGV Ibre revela que, embora as mulheres tenham registrado maior crescimento na ocupação de vagas formais em 2024, os homens ainda lideram em número de novas contratações e salários médios.
Oratória feminina enfrenta resistência
Micarla Lins, especialista em comunicação e oratória, afirma que a construção de uma comunicação eficaz para mulheres envolve superar desafios externos e internos. “Elas precisam ser mais assertivas para serem ouvidas e manterem sua voz relevante”, diz.
Além disso, segundo ela, a cultura da interrupção e da explicação excessiva por parte de homens ainda predomina em muitos ambientes.
Lins ressalta que a oratória vai além da técnica de fala. “Trata-se de ser ouvida sem precisar de validação. A voz feminina deve ser respeitada da mesma forma que a masculina”, explica.
A especialista defende que evitar práticas como mansplaining e manterrupting contribui para um ambiente mais democrático e justo.
Impactos na produtividade e na cultura organizacional
Além de prejudicar o desenvolvimento profissional das mulheres, essas práticas também afetam a produtividade das empresas. “O treinamento em comunicação assertiva é importante para que as mulheres ganhem confiança e ocupem seu espaço”, afirma Lins.
Ela destaca que, ao se expressarem com clareza, as mulheres não só conquistam respeito, mas também ajudam a transformar a cultura das organizações. Dessa forma, tornam-nas mais inclusivas e eficientes.
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