Do Micro Ao Macro

Mais da metade da comunidade LGBTP no Brasil está envolvida com empreendedorismo

Estudo do Sebrae mostra que 3,7 milhões de pessoas LGBTP já comandam um negócio no país

Mais da metade da comunidade LGBTP no Brasil está envolvida com empreendedorismo
Mais da metade da comunidade LGBTP no Brasil está envolvida com empreendedorismo
Marcelo Camargo / Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Mais da metade das pessoas que se identificam como LGBTP no Brasil está inserida no universo do empreendedorismo. É o que mostra um estudo inédito realizado pelo Sebrae.

Os dados revelam o impacto da atividade empreendedora na construção da autonomia financeira de lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais, transgêneros e travestis.

Segundo o levantamento, 24% das 15 milhões de pessoas que compõem essa comunidade e têm 16 anos ou mais já comandam o próprio negócio. Isso representa 3,7 milhões de empreendedores.

Além disso, outros 11% estão em fase de criação de uma empresa. Já 20% planejam abrir um negócio nos próximos três anos.

Identidade e autonomia influenciam decisão de empreender

Ainda de acordo com a pesquisa, quatro em cada dez empreendedores LGBTP afirmam que a identidade de gênero e a orientação sexual influenciaram na decisão de abrir o próprio negócio.

Entre os principais motivos estão a busca por independência financeira e por controle sobre o ambiente profissional. Também aparece com destaque o desejo de gerar impacto positivo dentro da própria comunidade.

Para Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, o contexto de preconceito é um dos fatores que impulsionam o empreendedorismo entre essas pessoas.

Segundo ela, o empreendedorismo é, em muitos casos, uma alternativa à exclusão do mercado de trabalho. Com apoio técnico e capacitação, pode se transformar em um caminho de estabilidade e segurança.

Experiência e atuação dos empreendedores LGBTP

O levantamento também detalha o histórico dos negócios liderados pela população LGBTP. Entre os 24% que já empreendem, 19% têm no negócio sua principal fonte de renda.

Além disso, 45% já tiveram outras experiências empreendedoras. Isso demonstra uma relação consolidada com o universo empresarial.

Em relação ao setor de atuação, o segmento de Entretenimento e Cultura concentra 14% desses empreendimentos. Entre pessoas que não se identificam como LGBTP, esse índice é de apenas 2%.

Segundo Margarete, “pessoas LGBTQIA+, especialmente aquelas que se posicionam publicamente, enfrentam barreiras para inserção no mercado de trabalho. O empreendedorismo passa a ser um caminho possível de geração de renda e reconhecimento”.

Ações do Sebrae voltadas à comunidade LGBTP

Diante dos dados revelados, o Sebrae pretende ampliar o apoio a pequenos negócios liderados por pessoas LGBTP.

A estratégia envolve ações como capacitação técnica, apoio psicológico e orientação personalizada. Também serão oferecidas ferramentas específicas para estruturação de novos empreendimentos.

Margarete afirma que o papel da instituição é garantir acesso igualitário ao ecossistema empreendedor. A meta é ampliar as condições de entrada e permanência dessas pessoas no mercado.

Perfil dos empreendedores e principais desafios

Segundo o estudo, a maioria dos empreendedores LGBTP tem 25 anos ou mais. Além disso, possuem ensino superior completo e renda mensal superior a três salários mínimos.

Em relação à cor ou raça, 30% se declaram brancos. Outros 22% se identificam como pardos ou pretos.

Apesar do perfil com maior escolaridade e renda, os desafios são relevantes. A pesquisa indica que há maior tendência à formalização entre pessoas LGBTP.

No entanto, entraves como custos elevados e excesso de burocracia ainda dificultam o processo.

Entre os principais obstáculos está a ausência da possibilidade de inclusão do nome social em todos os estados durante a abertura de empresas. Isso compromete o acesso a direitos como benefícios previdenciários.

Por fim, a percepção sobre o sucesso do negócio também varia. Enquanto 66% das pessoas que não se identificam como LGBT+ acreditam nas chances de prosperar, esse percentual é de 57% entre os empreendedores LGBTP.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo