Do Micro Ao Macro
Inteligência Artificial auxilia na declaração do IRPJ, mas exige cautela
Tecnologia agiliza rotinas contábeis, mas erros de interpretação e falta de atualização podem gerar riscos fiscais às empresas


A tecnologia tem transformado a rotina de empresas na preparação para a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).
Ferramentas de Inteligência Artificial já realizam tarefas como a organização de documentos fiscais e simulações tributárias, com destaque para regimes como o Simples Nacional.
Um estudo da Experis, do grupo Manpower, aponta que 52% das grandes companhias globais já utilizam IA em seus processos.
Além disso, 33% das empresas que ainda não adotaram a tecnologia pretendem implementá-la nos próximos anos.
IA agiliza tarefas, mas não substitui o olhar técnico do contador
Apesar dos ganhos operacionais, a expertise humana segue indispensável na gestão fiscal.
A interpretação das normas tributárias e o planejamento de estratégias legais ainda dependem de profissionais especializados.
Segundo Sérvulo Mendonça, chairman da Holding SM, o ideal é equilibrar o uso de tecnologia com a segurança garantida pela atuação contábil.
“A chave para uma declaração bem-sucedida está no equilíbrio entre tecnologia e expertise humana. O ideal é não abrir mão da segurança fiscal”, afirma.
Operações complexas exigem acompanhamento técnico especializado
Empresas que atuam com regimes especiais, incentivos ou créditos fiscais demandam atenção redobrada.
Nesses casos, a IA pode funcionar como apoio, mas a responsabilidade técnica e legal continua sendo do contador.
A automação facilita a rotina, mas não substitui o julgamento necessário para decisões estratégicas.
Riscos do uso exclusivo da IA na declaração do IRPJ
Confiar totalmente em ferramentas de IA pode expor a empresa a penalidades.
Entre os principais riscos estão:
– Erros na categorização de despesas, o que pode gerar deduções indevidas ou omissões de tributos;
– Falta de atualização das regras fiscais, caso o software não acompanhe as mudanças na legislação;
– Ausência de responsabilidade legal, já que a IA não pode responder por erros perante a Receita Federal.
De acordo com Mendonça, há decisões que exigem interpretação contextual.
“As estratégias que envolvem interpretação jamais podem ser colocadas para serem interpretadas pela IA”, diz.
Ele cita como exemplo temas como “income shifting” ou a distinção entre CAPEX e OPEX, que exigem discernimento técnico.
Tendência é de crescimento do uso da tecnologia com supervisão humana
O uso da Inteligência Artificial na contabilidade tende a se expandir.
Empresas que combinam automação com conhecimento técnico aumentam a eficiência e reduzem riscos fiscais.
A tecnologia deve ser usada como apoio, e não como substituto da análise contábil.
Com essa combinação, é possível otimizar a gestão tributária e manter conformidade com as exigências legais.
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