Do Micro Ao Macro

Governo estuda faixa extra para MEIs que ultrapassarem limite anual de faturamento

Medida visa evitar desenquadramento automático e criar modelo de transição gradual para microempreendedores

Governo estuda faixa extra para MEIs que ultrapassarem limite anual de faturamento
Governo estuda faixa extra para MEIs que ultrapassarem limite anual de faturamento
Microempreendedor individual tem até dia 20 para quitar o pagamento da guia, que pode variar entre R$ 75,90 e R$ 81,90, a depender da atividade exercida Reforma Tributária é desconhecida por 45% dos MEIs, aponta pesquisa
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O governo federal está analisando a criação de uma alíquota adicional para microempreendedores individuais (MEIs) que superarem o limite anual de faturamento, sem que precisem sair da categoria.

A proposta, apresentada pelo ministro do Empreendedorismo, Márcio França, busca estabelecer um sistema semelhante ao Imposto de Renda, com faixas de tributação progressivas.

Atualmente, o teto de faturamento para MEIs é de R$ 81 mil por ano.

França explicou que a ideia é permitir que empreendedores que ultrapassem esse valor de forma pontual continuem no regime, pagando apenas sobre o excedente.

“Se alguém fatura  5 mil ou R$ 10 mil a mais em um ano, não precisa ser desenquadrado. Podemos criar uma alíquota extra para essa parte excedente”, afirmou o ministro em entrevista à CNN Brasil.

Proposta busca corrigir distorções

A medida tem como objetivo corrigir distorções no sistema atual, que exclui automaticamente os MEIs que ultrapassam o limite de faturamento.

Além disso, França destacou que a Receita Federal já realiza fiscalizações constantes para identificar e remover da categoria aqueles que excedem o valor permitido.

“Sabemos que, ao longo dos anos, isso foi tratado de forma mais flexível. Mas, com a reforma tributária aprovada, o tema ganhou destaque e precisa ser ajustado”, disse o ministro.

Por outro lado, ele mencionou a necessidade de criar um modelo de transição gradual para empreendedores que superem o teto do MEI, facilitando a migração para outros regimes tributários.

Desafio é convencer empreendedores a mudar de enquadramento

Um dos desafios, segundo França, é convencer os microempreendedores a aderirem a enquadramentos mais adequados quando necessário.

“Há casos de pessoas que se cadastram como MEI e, de repente, recebem um Pix de R$ 500 mil. Nessas situações, não faz sentido manter o MEI. É preciso migrar para outro patamar”, explicou.

Além disso, o ministro abordou a necessidade de equilibrar a arrecadação previdenciária e a oferta de benefícios aos trabalhadores informais. Atualmente, cerca de 20 milhões de pessoas estão nessa condição, sem contribuir para o sistema.

“Se um entregador de pizza se machuca, ele recorre ao SUS, e quem banca o custo é a sociedade. Se ele não puder mais trabalhar, vai depender de benefícios sociais. Por isso, é importante regularizar essa situação”, afirmou.

Limites de faturamento congelados há anos

França defendeu a atualização dos limites de faturamento do MEI e do Simples Nacional, que estão congelados há anos. Ele argumentou que a carga tributária sobre pequenos negócios precisa ser melhor compreendida.

“Uma microempresa que fatura R$ 30 mil por mês parece ter um bom rendimento, mas, quando se desconta os custos, o lucro muitas vezes não passa de 10% do faturamento. Precisamos facilitar a comunicação para que as pessoas entendam que não estamos criando novos impostos, mas ajudando a crescer”, disse.

Isenção para faturamento de até R$ 5 mil

O ministro também propôs que empreendedores com faturamento de até R$ 5 mil mensais não sejam tributados, seguindo a mesma lógica da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até esse valor.

“Não faz sentido tributar alguém que ganha R$ por mês”, afirmou.

No entanto, a proposta ainda enfrenta desafios. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a isenção precisa ser compensada para não impactar a arrecadação.

“O desafio não é isentar, mas compensar com quem não paga. Precisamos equilibrar a carga tributária”, disse Haddad.

A expectativa é que a medida seja implementada a partir de 2026, com um projeto neutro em termos de arrecadação.

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