Do Micro Ao Macro
EUA miram Pix enquanto Sebrae aponta que sistema sustenta receita dos pequenos negócios
Mais de 97% dos microempreendedores já aceitam o Pix; quase metade depende dele para mais da metade das vendas


O Pix tornou-se o principal meio de pagamento adotado por microempreendedores individuais no Brasil. Segundo pesquisa do Sebrae, 97% dos MEI já utilizam a ferramenta em seus negócios. Para 48% desses trabalhadores, a modalidade representa 51% ou mais de todo o faturamento mensal.
Criado pelo Banco Central e lançado em 2020, o Pix atingiu a marca de seis bilhões de transações mensais. Essas movimentações já somam mais de R$ 2,8 trilhões por mês. A adesão elevada entre pequenos negócios mostra como o sistema instantâneo se consolidou como a principal via para recebimentos rápidos e sem taxas.
Uso do Pix reforça acesso a crédito
Para Décio Lima, presidente do Sebrae, o modelo contribui para aproximar microempreendedores do sistema financeiro. Essa conexão, segundo ele, favorece o acesso a crédito e reduz a informalidade, já que permite que o banco tenha uma leitura mais clara sobre o desempenho financeiro de cada empresa.
Ele afirma que o Pix já representa a principal fonte de receita de milhares de MEI. A gratuidade e a transferência instantânea são, segundo Lima, pilares que impulsionam a competitividade e ajudam a manter a geração de renda.
Novas funcionalidades ampliam alcance do sistema
No fim de 2023, o Pix superou o total de transações realizadas com cartões de débito, crédito e pré-pago. Já havia ultrapassado TED e DOC anteriormente.
Neste ano, o Banco Central passou a implementar novas funcionalidades. Entre elas estão o Pix por aproximação, o Pix automático e a cobrança híbrida, que permitirá o pagamento de boletos com QR Code de Pix.
Outra medida em estudo é o uso do fluxo de recebíveis do Pix como garantia em operações de crédito para micro e pequenas empresas. A proposta atende à agenda do governo federal para ampliar o financiamento produtivo a pequenos negócios.
Estados Unidos miram modelo brasileiro
Apesar do avanço nacional, o Pix passou a enfrentar resistência internacional. O governo dos Estados Unidos avalia que o sistema brasileiro estaria promovendo práticas comerciais desleais, o que gerou tensões no cenário global.
A avaliação americana ocorre justamente no momento em que o Pix se fortalece como instrumento de inclusão financeira e redução da concentração bancária, segundo avaliação do Banco Central. O modelo vem sendo apontado por autoridades brasileiras como uma inovação com potencial de ser replicada em outros países.
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