Do Micro Ao Macro

Estudo inédito sobre contratações e demissões indica aumento de desligamentos em 2024

Pequenas empresas foram as mais afetadas, com redução média de 7,96% no quadro de funcionários

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A Apponte.me, empresa especializada em sistemas de controle de ponto eletrônico, divulgou a primeira edição do Índice Apponte.me, um estudo semestral que analisa as tendências do mercado de trabalho brasileiro, de acordo com as métricas da empresa.

A primeira edição do levantamento mostrou que 85,4% das empresas tiveram que fazer cortes em 2024, enquanto apenas 14,6% conseguiram expandir seus quadros.

A pesquisa foi realizada ao longo de 2024 e envolveu mais de 2.100 empresas e 40.000 trabalhadores em todo o País.

Pequenas empresas lideram cortes

As empresas menores, com até 30 funcionários, foram as mais impactadas, registrando uma redução média de 7,96% no quadro de pessoal ao longo do ano.

Já as organizações maiores, com mais de 30 trabalhadores, tiveram uma retração de 3,37%. No último trimestre de 2024, os dois grupos apresentaram quedas de 3,09% e 1,19%, respectivamente.

Segundo Daniel Godoy, CEO e fundador da Apponte.me, “as pequenas empresas, muitas vezes com gestão menos estruturada, sofrem mais com a pressão dos custos e a retração do consumo”. Ele destacou ainda que o cenário econômico incerto e a recuperação desigual entre setores agravaram a situação.

São Paulo tem leve recuperação no fim do ano

Entre os estados analisados, São Paulo se destacou com um aumento de 2,11% no número de funcionários no último trimestre, impulsionado pelas contratações temporárias de fim de ano. No entanto, o acumulado do ano ainda mostrou uma queda de 7,57%.

Godoy ressaltou que o comércio varejista, tradicionalmente, amplia contratações nos meses de novembro e dezembro, mas isso não foi suficiente para reverter o cenário negativo.

Rio de Janeiro e Bahia têm desempenhos distintos

O Rio de Janeiro apresentou o melhor desempenho entre os estados, com crescimento de 10,32% no acumulado do ano.

Já a Bahia teve um crescimento modesto de 1,15% em 2024, seguido por uma queda de 4,61% no último trimestre.

Minas Gerais também enfrentou dificuldades, com retrações de 2,96% no ano e 4,61% no trimestre final.

Desafios para as pequenas empresas

O estudo mostrou que apenas 3,22% das pequenas empresas conseguiram ampliar suas equipes no último trimestre de 2024.

Esse segmento, que representa uma parcela significativa do mercado de trabalho, também registrou as maiores taxas de fechamento.

Godoy enfatizou que “as pequenas empresas são a espinha dorsal da economia, mas enfrentam altos custos operacionais, carga tributária e dificuldades de acesso a crédito”.

O Índice Apponte.me será atualizado semestralmente, trazendo novos dados sobre as movimentações do mercado de trabalho brasileiro.

IBGE: Média de desemprego em 2024 é a menor já registrada: 6,6%

Apesar dos números da Apponte.me, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 31 de janeiro de 2025, mostraram que o Brasil encerrou 2024 com a menor média de desemprego já registrada desde o início da série histórica, em 2012: 6,6%. Até então, a menor taxa tinha sido registrada em 2014, de 7,%.

Em números, houve redução de 1,1 milhão no contingente de pessoas desocupadas em 2024 (7,4 milhões) frente a 2023 (8,5 milhões). É o menor quantitativo de pessoas desocupadas desde 2014 (7 milhões).

O resultado de 2024 representa queda de 1,2 ponto percentual do número de pessoas desocupadas em relação a 2023, que foi de 7,8%.

A população ocupada média em 2024 também foi recorde na série histórica, com 103,3 milhões de pessoas, 2,6% acima de 2023 (100,7 milhões) e 15,2% acima de 2012 (89,7 milhões).

O nível médio da ocupação (percentual ocupados na população em idade de trabalhar) cresceu e chegou a 58,6%, maior patamar da série histórica e 1,0 p.p. maior do que em 2023 (57,6%).

“Os resultados de 2024 indicaram a manutenção da trajetória de crescimento do contingente de trabalhadores que, inicialmente, em 2022, respondia como recuperação das perdas da pandemia de COVID-19. Em 2023 e 2024, os ganhos foram expressivos”, destacou a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

A estimativa anual do número de empregados com carteira de trabalho cresceu 2,7% no ano e chegou a 38,7 milhões de pessoas, o mais alto da série. Também foi recorde o contingente anual de empregados sem carteira assinada no setor privado, que mostrou aumento de 6%, chegando a 14,2 milhões de pessoas.

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