Do Micro Ao Macro

Estudo aponta que apenas 39% das pessoas com deficiência consideram os sites acessíveis

Levantamento mostra que empresas ainda tratam acessibilidade digital como item opcional, apesar de avanços iniciais

Estudo aponta que apenas 39% das pessoas com deficiência consideram os sites acessíveis
Estudo aponta que apenas 39% das pessoas com deficiência consideram os sites acessíveis
Segunda edição do Panorama de Acessibilidade Digital mostra que acessibilidade ainda é tratada como algo opcional por empresas e desenvolvedores Crédito: Agência Na Lata
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Mais da metade das pessoas com deficiência no Brasil ainda enfrentam barreiras ao navegar na internet. É o que mostra a nova edição do Panorama de Acessibilidade Digital, conduzido pela Hand Talk em parceria com o instituto Opinion Box.

Segundo o levantamento, apenas 39% dos entrevistados com deficiência consideram os sites acessíveis às suas necessidades. A pesquisa incluiu três perfis: pessoas com deficiência, profissionais da área de acessibilidade e usuários em geral.

Ainda hoje, ajustes simples como aumento de fonte e contraste seguem entre as principais demandas. No entanto, essas melhorias continuam sendo negligenciadas por grande parte das empresas e desenvolvedores.

Para Ronaldo Tenório, CEO da Hand Talk, isso exige uma mudança de postura. “É essencial capacitar quem desenvolve sites para identificar e implementar melhorias. Isso exige investimento em tecnologia, educação e mudança de mentalidade dentro das empresas”, afirma.

Embora 49% das empresas declarem já ter iniciativas de acessibilidade digital, muitos enfrentam dificuldades internas. De acordo com o estudo, 27% dos gestores relatam resistência de outras áreas da empresa para priorizar o tema.

Mesmo após a implementação de ações, 28% ainda apontam barreiras culturais como o maior entrave para manter as iniciativas de forma contínua. Por outro lado, há indícios de transformação.

Mais da metade dos profissionais da área (54%) percebe uma mudança cultural positiva nas empresas. Esse dado pode sinalizar o início de um movimento mais consistente e estruturado em direção à inclusão.

Outro ponto relevante do estudo é o crescimento das vagas afirmativas. Segundo 42% dos entrevistados, há um aumento dessas oportunidades para pessoas com deficiência.

Contudo, muitas dessas iniciativas esbarram em obstáculos. A falta de recursos acessíveis em processos seletivos ou plataformas de trabalho limita a inclusão, mesmo diante da intenção de contratar.

Além disso, a experiência do consumidor também está comprometida. Cerca de 31% dos consumidores com deficiência avaliam como insatisfatório o atendimento via SAC, o que reforça a urgência de melhorias em toda a jornada digital.

Desde 2014, a Hand Talk desenvolve soluções assistivas com base em inteligência artificial. Seu principal produto é o Hand Talk Plugin, uma ferramenta de acessibilidade para sites.

Em 2024, a empresa traduziu mais de 3,3 bilhões de palavras. No início de 2025, passou a integrar a Sorenson, uma das maiores companhias de tradução do mundo, especializada em comunicação para pessoas surdas e com deficiência auditiva.

Segundo Tenório, a acessibilidade digital precisa deixar de ser vista como algo adicional. “Mais do que oferecer soluções inovadoras, estamos comprometidos em fomentar o diálogo, promover o aprendizado contínuo e colaborar com instituições para ampliar a acessibilidade em todos os aspectos”, afirma.

O estudo completo está disponível gratuitamente neste link. Além disso, a Hand Talk oferece o curso gratuito “Liderando Iniciativas de Acessibilidade Digital”, que capacita profissionais e gestores interessados em implementar práticas mais inclusivas em suas organizações.

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