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ESG: Especialista comenta porque a reciclagem avança tão pouco no Brasil

Infraestrutura, políticas públicas e conscientização são desafios que limitam o crescimento do setor no país

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A reciclagem é um dos pilares da economia circular, mas enfrenta muitos obstáculos no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apenas entre 4% e 9% dos materiais descartados no país são reciclados.

Esses números colocam o Brasil entre os países com menores taxas de reaproveitamento. Na América Latina e na África, a média também é de 4%, enquanto globalmente atinge 13,5%.

Infraestrutura e políticas limitadas agravam o problema

Um dos maiores desafios da reciclagem no Brasil é a infraestrutura inadequada.

Segundo Isabela Bonatto, especialista no tema, menos de 20% da população tem acesso à coleta seletiva eficiente. “Isso ocorre principalmente pela falta de planejamento nas prefeituras”, afirma.

Além disso, Isabela aponta que muitas cidades não tratam a gestão de resíduos como prioridade. “Sem um debate sério e investimentos consistentes, os avanços ficam limitados”, destaca.

Outro problema é a ausência de políticas públicas e privadas que incentivem o setor. Isabela explica que faltam regulamentação, fiscalização e parcerias voltadas para o tratamento de resíduos sólidos.

Custos elevados desestimulam o crescimento do setor

O custo da coleta seletiva é um fator que dificulta sua expansão.

De acordo com Isabela, essa coleta pode custar até quatro vezes mais do que a convencional. “Sem infraestrutura adequada e com baixa participação da população, os custos se tornam ainda maiores”, ressalta.

A especialista também observa que contratos mal formulados e a alta tributação sobre materiais reciclados são barreiras adicionais. Esses fatores acabam desestimulando a coleta seletiva e dificultam o desenvolvimento da reciclagem.

Setor informal enfrenta desafios e embalagens complicam o processo

O setor informal desempenha um papel importante na reciclagem brasileira.

No entanto, Isabela destaca que os catadores, responsáveis por grande parte da coleta, enfrentam remuneração baixa. “Isso os leva a priorizar materiais de maior valor, deixando outros resíduos de lado”, explica.

Além disso, o design de muitas embalagens dificulta a reciclagem. “A indústria ainda não ajustou seus produtos às demandas da cadeia de reciclagem, o que aumenta os custos e reduz a eficiência”, aponta Isabela.

Comparações internacionais mostram potencial de crescimento

Apesar dos desafios, o Brasil tem potencial para melhorar suas taxas de reciclagem.

Países com níveis de desenvolvimento similares, como Chile e África do Sul, possuem taxas em torno de 16%. Isso mostra que é possível progredir.

Por outro lado, países desenvolvidos, como a Alemanha, reciclam cerca de 70% de seus resíduos. Isso evidencia uma diferença significativa no aproveitamento de materiais.

Conscientização e economia circular como caminhos para o futuro

Isabela acredita que a conscientização da população é essencial para fortalecer a reciclagem no país.

Ela ressalta que o avanço tecnológico pode otimizar processos de coleta e triagem. “Além disso, valorizar indústrias que utilizam materiais reciclados pode tornar a reciclagem mais competitiva”, afirma.

Segundo Isabela, reconhecer o trabalho dos trabalhadores envolvidos é outro ponto importante. “Cada esforço contribui para a construção de um sistema mais eficiente e sustentável”, conclui.

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