Do Micro Ao Macro
Empresas que adotarem IA podem dobrar lucro operacional até 2030
Estudo da Strategy& aponta ganhos adicionais de US$ 254 bilhões para a indústria farmacêutica com a automação


A aplicação de inteligência artificial na indústria farmacêutica tem potencial para aumentar significativamente os lucros operacionais das empresas. Um estudo da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, revela que o setor pode alcançar um ganho adicional de US$ 254 bilhões até 2030.
A pesquisa, intitulada “Inteligência artificial na indústria farmacêutica”, analisou mais de 200 casos de uso da tecnologia. Para isso, contou com a participação de especialistas dos segmentos farmacêutico, de saúde e de tecnologia.
O levantamento considera um nível elevado de automação nos casos de uso de IA. Além disso, as projeções abrangem os Estados Unidos, Europa, mercados emergentes e outros países. Segundo o estudo, a IA está aproximando a indústria farmacêutica de setores como saúde, tecnologia e produtos de consumo, criando oportunidades de crescimento para todos.
De acordo com Jacques Moszkowicz, sócio da Strategy&, “o futuro da indústria farmacêutica e do setor de saúde será cada vez mais digital e personalizado, com uma integração maior entre prevenção e tratamento.” No entanto, ele explica que, atualmente, apenas 39% dos casos de uso de IA são aplicados em operações, melhorando a eficiência em custos de produção, materiais e cadeia de suprimentos.
A pesquisa sugere que as empresas farmacêuticas podem se beneficiar de duas maneiras principais. Elas podem incorporar a IA diretamente em novos produtos e serviços. Alternativamente, também é possível lucrar indiretamente, utilizando a tecnologia para aumentar a eficiência e produtividade dos processos.
Para aproveitar esse potencial, a Strategy& propõe três estratégias que as empresas devem adotar. Primeiramente, é necessário revisar e ajustar as estruturas organizacionais para garantir que as prioridades sejam executadas rapidamente. Em segundo lugar, é importante criar processos que incentivem a inovação e formem equipes específicas para experimentar com modelos e novas tecnologias. Por fim, a terceira estratégia destaca a importância de acompanhar o retorno sobre o investimento conforme a IA for implementada, garantindo que o uso da tecnologia seja feito de forma responsável.
Bruno Porto, sócio da PwC Brasil, reforça a importância dessa transformação. Ele afirma: “A inteligência artificial abre muitas oportunidades para o setor farmacêutico. Nos próximos anos, novas iniciativas baseadas em IA vão transformar ainda mais a saúde. Nosso estudo convida os líderes do setor a refletirem sobre as estratégias necessárias para seguir avançando na era digital.”
Desafios para a adoção da IA no setor farmacêutico
Apesar do potencial, a adoção de IA nas empresas farmacêuticas ainda avança mais lentamente em comparação com outros setores, como o financeiro e o varejo. Isso ocorre porque o ambiente dessas empresas é complexo, envolvendo pesquisa, desenvolvimento, suprimentos e parcerias na área de saúde. Além disso, a regulação é rigorosa, há digitalização desigual e os sistemas tecnológicos são variados.
Outro fator que complica a implementação é a rápida evolução da tecnologia, que contrasta com legislações desatualizadas. Um exemplo é o Ato Europeu sobre a tecnologia, que classifica aplicações de IA na saúde como de “alto risco”. Esse ato impõe regras rigorosas de responsabilidade e regulação, o que afeta diretamente a geração de valor no setor.
Moszkowicz conclui que “a integração da IA em todas as partes da cadeia de valor, produtos e serviços farmacêuticos pode transformar a assistência à saúde e seu ecossistema. As empresas têm a chance de liderar essa mudança.”
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