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Empresas investem bilhões em tecnologia, mas falham em controlar seus próprios contratos

Desorganização contratual compromete segurança jurídica e gera prejuízos mesmo em empresas com altos investimentos em TI

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O Brasil movimentou cerca de 325 de reais bilhões em tecnologia da informação em 2024, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES). Com esse volume, o país ocupa a 10ª posição no ranking global de investimentos no setor. Apesar do avanço, muitas empresas ainda enfrentam falhas graves em um ponto essencial da operação: a gestão de contratos.

Contratos seguem desorganizados

Enquanto áreas como nuvem, segurança da informação e inteligência artificial recebem aportes expressivos, a administração contratual continua, em muitos casos, feita por planilhas ou plataformas fragmentadas. Essa lacuna operacional gera perdas financeiras, expõe empresas a riscos jurídicos e compromete a eficiência interna.

Segundo Paulo Amorim, CEO da K2A Technology, a situação revela um paradoxo. “Vemos empresas com orçamentos milionários em TI, mas que ainda controlam contratos por métodos manuais, muitas vezes sem controle de prazos ou cláusulas críticas. Isso desconecta o investimento da gestão”, afirma.

Falta de padronização

Entre os principais problemas estão a ausência de padrões para criação e arquivamento de contratos, o desconhecimento sobre cláusulas que geram multas e a renovação automática de serviços. Além disso, processos manuais dificultam o acompanhamento, aumentam os retrabalhos e geram ruídos internos.

A baixa integração entre os setores de tecnologia, compras e financeiro também é apontada como uma das causas de falhas que afetam diretamente os resultados da empresa. De acordo com Amorim, estudos indicam que práticas ineficazes de gestão contratual podem elevar em até 10% os custos totais, em razão de falhas evitáveis.

Automatizar processos e reduzir perdas

Diante desse cenário, cresce a demanda por soluções digitais que organizem e automatizem a gestão de contratos. Entre as opções, estão plataformas que centralizam o ciclo contratual em um único ambiente. Essas ferramentas reúnem funções como controle de faturas, inventário, monitoramento de despesas, histórico de pagamentos e ciclo de vida dos ativos.

A automatização permite reduzir riscos e aumentar a produtividade. “Um contrato bem gerido é mais do que um documento. É uma ferramenta estratégica para os negócios”, diz Amorim.

Menos custos, mais eficiência

A adoção de soluções digitais já é realidade em grandes empresas. Companhias como Vale, Ipiranga, Alpargatas, Prudential e Bain & Company vêm utilizando tecnologia para organizar contratos e reduzir despesas. Em muitos casos, a economia alcançada varia entre 40% e 70% nos custos com tecnologia e telecom.

Além da economia, empresas ganham visibilidade sobre seus compromissos, prazos e obrigações contratuais — o que também favorece auditorias e práticas de compliance.

Protagonismo da governança contratual

Nos próximos anos, a tendência é que a gestão contratual ganhe mais espaço nas estratégias de tecnologia das empresas. Pressões por transparência, auditoria, governança corporativa e escalabilidade tornam a organização contratual uma prioridade. Ignorar esse aspecto pode comprometer a sustentabilidade de projetos digitais mais robustos.

“É como construir um prédio moderno sobre uma fundação frágil. Não adianta investir em tecnologias de ponta se você não tem controle sobre seus próprios contratos. É aí que muitas empresas ainda tropeçam”, finaliza Amorim.

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