Do Micro Ao Macro

Empresas brasileiras ainda preferem profissionais com menos de 40 anos, aponta estudo

Pesquisa da PwC Brasil e FGV EAESP expõe estereótipos e falta de inclusão de gerações mais velhas no mercado de trabalho

Empresas brasileiras ainda preferem profissionais com menos de 40 anos, aponta estudo
Empresas brasileiras ainda preferem profissionais com menos de 40 anos, aponta estudo
Estudo aponta maior estabilidade entre profissionais de 30 a 40 anos em comparação com gerações anteriores e posteriores
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No Brasil, 72% dos gestores de grandes empresas priorizam a contratação de profissionais com menos de 40 anos. Essa preferência contrasta com o envelhecimento da população e a necessidade de inclusão no mercado de trabalho.

Além disso, 86% das organizações não possuem planos de carreira para trabalhadores acima dessa faixa etária.

Esses dados foram divulgados pela pesquisa “Mitos e realidades da diversidade geracional nas empresas”, conduzida pela PwC Brasil e pela FGV EAESP.

Leandro Camilo, sócio e líder de Inclusão e Diversidade da PwC Brasil, defende mudanças nessas práticas. “É necessário revisar estratégias de seleção, retenção e políticas de desenvolvimento para incluir profissionais de todas as gerações”, afirma.

Falta de programas para diversidade geracional

Outro ponto destacado pela pesquisa é a ausência de iniciativas voltadas à diversidade geracional. Segundo os dados, 65% dos entrevistados indicaram que suas empresas não possuem programas específicos para lidar com essa questão.

De acordo com Maria José Tonelli, professora de Recursos Humanos da FGV EAESP e coordenadora do estudo, essa realidade reflete o etarismo presente em muitas organizações. “As empresas estão atrasadas em oferecer ações específicas para profissionais com mais de 40 anos, como benefícios e programas de aprendizado direcionados”, explica.

Além disso, Tonelli aponta que a discriminação por idade limita a preparação das empresas para um mercado com maior participação de trabalhadores mais velhos.

Estereótipos entre gerações no trabalho

O levantamento também revelou a existência de mitos sobre diferentes gerações no ambiente corporativo. Um exemplo é a ideia de que a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2012) valoriza mais o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal do que outras gerações.

No entanto, a pesquisa mostra que essa prioridade ocupa apenas o 8º lugar entre os aspectos mais importantes para a Geração Z. Já para os Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), o equilíbrio entre vida pessoal e profissional aparece em 3º lugar.

Outro estereótipo identificado é sobre o comprometimento da Geração Z com o trabalho. Mais da metade dos gestores entrevistados (56%) considera o comprometimento desses jovens abaixo do esperado.

Por outro lado, 60% da própria Geração Z avaliam que sua dedicação atende às expectativas das empresas. Isso indica uma percepção divergente entre gestores e jovens trabalhadores.

Detalhes da pesquisa

A pesquisa foi realizada com a participação de 117 empresas, dividida em duas etapas. Na fase quantitativa, entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, 93 empresas responderam a um questionário.

Na fase qualitativa, entre abril e julho de 2023, foram realizadas entrevistas com gestores de Recursos Humanos e de negócios em 24 empresas. Essas entrevistas tinham duração de 60 minutos e buscavam compreender práticas de gestão da diversidade geracional.

Além disso, o estudo contou com cinco grupos focais, com duração média de 90 minutos. Esses grupos reuniram trabalhadores das empresas participantes para explorar a convivência entre gerações e as políticas de inclusão no mercado de trabalho.

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