Do Micro Ao Macro
Dívida média de empresas sobe 13,6% e atinge R$ 24,6 mil, mostra Serasa Experian
Levantamento indica recorde de 8,1 milhões de CNPJs inadimplentes em agosto e aumento da pressão financeira sobre micro e pequenas empresas.


O número de empresas inadimplentes no Brasil atingiu o maior patamar da série histórica da Serasa Experian. Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas, divulgado pela datatech, 8,1 milhões de CNPJs estavam negativados em agosto de 2025. O total representa um aumento de 13,6% na dívida média, que chegou a R$ 24.631,20, em comparação com o mesmo mês de 2024.
Em média, cada empresa possui 7,4 contas em atraso, com valor médio de R$ 3.339,10 por compromisso financeiro vencido.
Pressão sobre o crédito
Para Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, o cenário reflete um ambiente de crédito mais restrito e custos elevados. “As altas taxas de juros tornam a renegociação mais cara e difícil, enquanto o número recorde de inadimplentes reduz as chances de recuperação do crédito. Isso cria um ciclo que prolonga a dificuldade financeira das empresas”, explica.
Setores mais afetados
O levantamento mostra que o setor de serviços concentra 31,9% das dívidas negativadas, seguido pelo segmento financeiro, que reúne bancos, cartões e financeiras, com 23,4% do total. Os dois setores respondem pela maior parte dos débitos empresariais do país.
Micro e pequenas empresas lideram inadimplência
As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) continuam sendo as mais impactadas. Juntas, elas somaram 7,7 milhões de CNPJs inadimplentes, o equivalente a quase 95% do total de empresas negativadas. Essas companhias acumulam 55,2 milhões de dívidas, que somam R$ 179,8 bilhões.
Segundo a Serasa, a combinação de juros altos, restrição de crédito e custos operacionais crescentes tem pressionado o fluxo de caixa dos pequenos negócios, que enfrentam mais dificuldade para renegociar dívidas.
Diferenças regionais
O Sudeste registrou o maior número absoluto de empresas inadimplentes, com 4,3 milhões de CNPJs, seguido pelo Sul (1,3 milhão) e pelo Nordeste (1,2 milhão). As regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram os menores volumes, com 707 mil e 481 mil empresas, respectivamente.
A concentração nas regiões mais desenvolvidas economicamente indica que o aumento da inadimplência atinge principalmente negócios com maior volume de crédito e transações financeiras.
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