Do Micro Ao Macro
De entregadores a donos de fábrica: irmãos faturam alto com pão de queijo
Companhia fundada pelos irmãos Almeida vende mais de 20 mil pães de queijo por ano, com a meta de crescer 20% anualmente


A história dos irmãos Samuel e Daniel Almeida começou em Minas Gerais, mas foi em São Paulo que seus caminhos tomaram outro rumo. Em uma conversa casual, enquanto aguardavam para descarregar um caminhão, Daniel conheceu os bastidores do negócio de pães de queijo, o que plantou a semente de uma ideia. Pouco depois, ele perdeu o emprego de entregador, e aquele bate-papo despretensioso ganhou outro significado.
Ele compartilhou suas reflexões com Samuel, que, apesar de ter uma ocupação estável como motoboy, decidiu arriscar e unir suas forças com o irmão. Juntos, tornaram-se distribuidores dos produtos que Daniel costumava entregar. Em dois anos, já eram os principais distribuidores da marca. Com essa experiência, perceberam que era hora de dar um novo passo: abrir sua própria fábrica. Assim, em 2014, surgiu a Fornalha Mineira.
Dois anos após a fundação, os irmãos compraram um terreno para construir uma sede própria, ampliando a equipe e a capacidade de produção. A fábrica passou a ser reconhecida pela autenticidade dos produtos, especialmente o pão de queijo mineiro, que conquistou clientes em toda a região.
O mercado alimentício no Brasil, se bem explorado, é uma avenida de crescimento e oportunidades. Em 2023, o setor movimentou R$ 1,2 trilhão, representando 10,8% do PIB, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). Nesse contexto, a Fornalha Mineira registrou um crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior, alcançando quase R$ 3 milhões em faturamento. No mesmo período, vendeu cerca de 20.800 unidades de pães de queijo.
Para os próximos cinco anos, os irmãos planejam obter uma taxa anual de crescimento (CAGR) de 20%. Hoje, além do pão de queijo tradicional, a empresa diversificou o portfólio com produtos como pães de queijo recheados, palitos de parmesão e chipa paraguaia. Os recheios variam desde sabores clássicos, como frango e calabresa, até opções doces, como creme de avelã e goiaba.
Com o crescimento do setor, as exigências dos consumidores aumentaram. A automação tem sido uma das respostas da indústria a essa demanda. Uma pesquisa da Meticulous Research projeta que o mercado global de automação alimentícia atingirá US$ 29,4 bilhões até 2027.
A tecnologia permitiu um controle mais rigoroso dos processos e ingredientes, diminuindo desperdícios e garantindo produtos consistentes. Os irmãos agora planejam levar seus produtos para outras regiões do Brasil.
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