Do Micro Ao Macro
Contadores precisarão unir dados, comunicação e finanças para enfrentar os novos desafios
Especialista aponta que o avanço tecnológico e as mudanças tributárias exigirão novas competências de controladoria e contabilidade
O avanço das mudanças econômicas e tecnológicas vai exigir dos contadores e controllers um novo conjunto de competências em 2026.
Segundo Raquel Fraga, coordenadora do MBA Controller da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), o domínio de finanças corporativas, comunicação executiva e interpretação de dados será determinante para manter a saúde financeira das empresas.
Atualmente, o Brasil conta com 538.956 profissionais registrados no Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Para a especialista, o grupo precisará se adaptar às transformações trazidas pela Reforma Tributária, pelos relatórios de sustentabilidade e pela digitalização das informações financeiras.
Competências em alta
De acordo com Fraga, as empresas têm valorizado profissionais com conhecimento em modelagem de fluxo de caixa, contabilidade gerencial, planejamento e análise financeira (FP&A) e gestão tributária.
Além disso, ela destaca que a leitura de dados apoiada por ferramentas de business intelligence e inteligência artificial já faz parte da rotina de quem ocupa cargos de controladoria. “O controller moderno atua como parceiro de negócios, oferecendo análises que apoiam decisões estratégicas da alta gestão”, afirma.
A comunicação executiva e o pensamento sistêmico também ganham espaço. Segundo a especialista, essas habilidades ajudam a traduzir dados complexos em informações relevantes para a tomada de decisão.
Desafios do setor
Entre os principais desafios para 2026 estão a integração de múltiplos centros de resultados, a consolidação de informações em tempo real e o alinhamento entre metas financeiras e operacionais.
Raquel Fraga observa que, em grandes organizações, esses obstáculos exigem processos de governança sólidos e comunicação eficaz. “As mudanças tributárias e a pressão por previsões mais precisas forçam o controller a revisar continuamente modelos e premissas orçamentárias”, afirma.
Impacto da falta de preparo
A falta de estrutura ou de profissionais qualificados pode afetar diretamente a estabilidade das empresas. Dados do Mapa de Empresas, do Governo Federal, mostram que 973.330 companhias encerraram as atividades no primeiro quadrimestre de 2025 — um aumento de 13,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Segundo a especialista da FIPECAFI, falhas na gestão de caixa, ausência de revisões orçamentárias e falta de integração entre áreas são fatores que agravam o problema. Ela explica que a controladoria precisa atuar de forma disciplinada e antecipar riscos com análises de sensibilidade, simulações e acompanhamento do forecast.
Ações imediatas e estruturais
Para corrigir desequilíbrios, Fraga recomenda medidas de curto e longo prazo. No curto prazo, as empresas devem revisar premissas orçamentárias, adotar forecast contínuo, controlar o caixa e renegociar prazos de pagamento e recebimento.
Já no longo prazo, a especialista aponta o fortalecimento da governança financeira, o investimento em sistemas de informação e analytics e a construção de um modelo integrado de planejamento e performance (FP&A). Essas ações, afirma, elevam o nível de maturidade da gestão.
Como agir no fim do ano
Em situações de desorganização financeira nos últimos meses do exercício, a controladoria pode conduzir uma recuperação. O processo inclui diagnóstico de causas, criação de comitês de performance financeira e revisão do orçamento.
Raquel Fraga reforça que a consistência depende da capacitação das equipes e do aprimoramento dos controles internos. “Com uma atuação analítica e proativa, a controladoria se torna o eixo que conecta planejamento, execução e resultados, garantindo decisões mais assertivas para 2026 e os anos seguintes”, afirma.
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