Do Micro Ao Macro

Compliance nas empresas brasileiras apresenta maior maturidade desde 2015

Estudo destaca avanços em programas de compliance, desafios em gestão de riscos e o impacto de fraudes no Brasil

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O nível de maturidade do compliance nas empresas brasileiras alcançou 3,09 em 2024, segundo escala de 1 a 5 utilizada pela KPMG. Esse índice é o mais alto desde 2015, ano em que a avaliação começou a ser realizada.

Entre os elementos que contribuíram para esse aumento, destacam-se investigações e linha ética (3,3), políticas e procedimentos (3,2), governança e cultura (3,1) e reporte (3,1).

Por outro lado, algumas áreas apresentaram níveis abaixo da média. Comunicação e treinamento (3), tecnologia e análise de dados (2,9) e avaliação de riscos (2,8) foram apontadas como pontos que ainda precisam de melhorias.

Setores com maior maturidade em compliance

O setor de Serviços Financeiros lidera o ranking, com um índice de 3,5, seguido por Governo e Infraestrutura (3,3). Tecnologia, Mídia e Telecomunicações também se destacaram, registrando 3,1.

Por outro lado, setores como Consumo e Varejo alcançaram 2,9, indicando a necessidade de maior atenção para evoluir suas práticas de compliance.

Segundo Emerson Melo, sócio-líder da prática de Forense e Litígios da KPMG, “as empresas estão se adaptando rapidamente a novos marcos regulatórios relacionados à gestão de riscos, privacidade de dados e segurança cibernética.” Ele também observa que a integração dessas práticas ao ESG tem ganhado espaço.

Implementação de programas e avanços em cultura

A pesquisa revelou que 91% das empresas já possuem programas de compliance implementados. Além disso, 97% contam com códigos de conduta, e 92% oferecem canais de denúncia independentes.

Adicionalmente, 84% das organizações utilizam metodologias de investigação para apurar os relatos recebidos. Esses dados refletem uma maior preocupação com a transparência e a integridade nas empresas.

A função de compliance é liderada por executivos especializados em 65% das empresas. Isso representa um aumento em relação aos 40% registrados em 2015.

Os recursos destinados ao compliance também cresceram. Atualmente, 74% dos executivos aprovam orçamentos específicos para essa área, o que demonstra um comprometimento maior com o tema.

Treinamento e uso de tecnologia

Mais de 80% das empresas implementaram programas de treinamento e comunicação. Esses programas focam em temas como ética, anticorrupção, segurança cibernética e gerenciamento de riscos.

Além disso, a tecnologia tem sido cada vez mais utilizada em atividades relacionadas ao compliance. Entre as ferramentas destacadas estão canais de denúncia, análise de dados e gestão de terceiros.

De acordo com Carolina Paulino, sócia da KPMG, “as práticas de governança têm sido aprimoradas para mitigar riscos de imagem e reputação.” Ela também afirma que essas ações ajudam a reduzir impactos financeiros de não conformidades.

Desafios persistem em riscos e fraudes

Apesar dos avanços, a gestão de riscos de compliance continua sendo um desafio. Cerca de 75% das empresas relatam dificuldades para identificar e monitorar riscos regulatórios.

Os orçamentos limitados também são um problema. Para 33% das empresas, os recursos destinados ao compliance não ultrapassam R$ 500 mil por ano.

As fraudes ainda representam um impacto significativo. Para 20% das organizações, essas ocorrências reduziram o lucro líquido em pelo menos 7%. Além disso, 40% acreditam que o volume de fraudes deve aumentar no próximo ano.

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