Do Micro Ao Macro
Como blindar seu e-commerce contra ataques cibernéticos na Black Friday
Ataques cibernéticos avançam no Brasil e pressionam e-commerces às vésperas da Black Friday, período que concentra mais compras e mais tentativas de invasão
O ambiente digital das lojas virtuais vive pressão inédita. Dados recentes mostram o avanço de ataques cibernéticos, que cresceram 67% no segundo trimestre de 2024, segundo a Check Point Research. Cada organização sofreu, em média, 2.766 tentativas semanais.
O Brasil respondeu por 38,73% das ações registradas na América Latina durante 2024, totalizando 356 bilhões de ocorrências identificadas pelo relatório Outbreak Alert da Fortinet.
Com a chegada da Black Friday, o volume aumenta. A ISH Tecnologia registrou dezembro como o segundo mês com mais ataques no último ano. No mesmo período, a Black Friday movimentou R$ 9,3 bilhões no e-commerce brasileiro, com alta de 10,5% em relação a 2023.
Em entrevista, “Fernando Corrêa”, CEO e fundador da Security First, afirma que o período entre novembro e o Natal exige atenção constante, já que o número de compras cresce com o pagamento da primeira parcela do 13º e os cibercriminosos exploram vulnerabilidades em sistemas sobrecarregados. Segundo ele, o varejo segue como alvo prioritário.
Ataques cibernéticos mais comuns
Os incidentes registrados seguem padrão conhecido. O roubo de credenciais representou quase metade dos casos em 2024. Na sequência aparecem malwares (18%) e invasões a sistemas web (15%), segundo a ISH Tecnologia. Para Corrêa, são ações direcionadas que buscam acesso às redes internas.
O impacto financeiro acompanha a escalada. O relatório Cost of a Data Breach (IBM) registrou custo médio de R$ 7,19 milhões por violação em 2025, acima dos R$ 6,75 milhões de 2024. Casos conhecidos mostram o alcance do problema. A Netshoes sofreu vazamento envolvendo 38 milhões de usuários. As Lojas Marisa enfrentaram um ataque de ransomware que derrubou sistemas e gerou pedido de US$ 300 mil. A Vivara teve 1,1 TB de dados comprometidos.
Corrêa destaca que, além das perdas diretas, há danos de reputação que podem levar anos para serem revertidos.
Ataques miram consumidores
Os consumidores também entram no alvo. Golpes envolvendo phishing, sites falsos e fraudes financeiras aumentam no período promocional. Segundo Juniper Research, fraudes globais devem chegar a US$ 400 bilhões em 2025.
As práticas mais frequentes incluem e-mails falsos, anúncios enganosos e páginas clonadas de varejistas. O especialista cita situações cotidianas, como mensagens que informam retenção de produtos nos Correios ou supostos bloqueios feitos pela Receita Federal. Há ainda arquivos maliciosos disfarçados de ofertas.
A inteligência artificial ampliou o problema. Ferramentas de IA generativa, incluindo modelos adaptados por criminosos, são usadas para criar mensagens realistas e até deepfakes que apoiam fraudes de identidade.
Corrêa reforça que comportamentos impensados durante a busca por descontos expõem máquinas corporativas a malwares quando arquivos são baixados sem checagem.
Estratégias para evitar ataques cibernéticos
“Fernando Corrêa” aponta cinco medidas prioritárias para proteger lojas virtuais durante o pico de transações:
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Autenticação multifator: verificação adicional por SMS, aplicativos autenticadores ou biometria reduz acessos indevidos.
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Atualização permanente: sistemas desatualizados ampliam riscos. A aplicação rápida de patches corrige vulnerabilidades.
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Backups e recuperação: cópias frequentes, preferencialmente offline, reduzem impacto de ransomware.
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Treinamento das equipes: grande parte dos incidentes começa com erro humano. Simulações e capacitações reduzem falhas.
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Monitoramento contínuo: ferramentas baseadas em IA detectam padrões irregulares e bloqueiam ações suspeitas.
No encerramento, Corrêa afirma que a prevenção é o caminho mais consistente para lidar com riscos cibernéticos, já que a proteção de dados reforça a confiança do cliente e sustenta operações digitais mesmo em períodos de alta demanda.
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