Do Micro Ao Macro
Como a neurociência pode ajudar a mudar hábitos e melhorar a rotina em 2025
Especialista faz reflexão sobre escolhas, limites e como reorganizar a vida para alcançar objetivos


Muitas pessoas enfrentam dificuldades para incluir novos hábitos em suas rotinas. A neurocientista Ana Carolina Souza reflete sobre os desafios de equilibrar uma rotina lotada com a busca por mudanças positivas.
Em suas palavras, “é comum desejarmos dias mais produtivos, mas nos vemos presos em listas intermináveis de tarefas”. Segundo ela, entender o que nos consome tempo e energia é o primeiro passo para fazer mudanças reais.
Isso inclui repensar atividades que não trazem retorno significativo e buscar formas de substituí-las por ações mais alinhadas aos nossos objetivos.
Faça um exercício de visão para redefinir a rotina
Para iniciar o processo, Ana Carolina sugere um exercício prático: anotar como seria a rotina ideal. Depois, é importante listar todas as atividades que já fazem parte do dia a dia e compará-las com a visão desejada.
“Identifique o que está sobrando ou o que pode ser eliminado”, explica. Em seguida, reflita se certas tarefas podem ser delegadas, reduzidas ou até descartadas.
Além disso, ela recomenda ajustar o tempo dedicado a cada ação. Assim, é possível priorizar atividades que aproximam a rotina do seu objetivo e eliminar o que apenas consome energia.
Concentre-se nos seus objetivos antes de assumir novas demandas
Planejar é um desafio para muitas pessoas. Ana Carolina explica que a dificuldade em calcular o tempo necessário para concluir tarefas é resultado da Falácia do Planejamento.
Esse viés inconsciente leva a aceitar mais compromissos do que conseguimos cumprir. “Aceitar mais do que damos conta é um erro comum, gerado pela dificuldade em prever o impacto dessas decisões”, observa.
Portanto, antes de aceitar novas demandas, é importante refletir. Pergunte-se se o convite faz sentido, se você realmente tem tempo disponível e o que deixará de lado ao assumir a nova responsabilidade.
Esse tipo de análise ajuda a evitar uma agenda sobrecarregada e mantém o foco nos objetivos principais.
Aprenda a dizer não e proteja seus limites
Outro ponto levantado por Ana Carolina é a dificuldade em dizer “não”. Muitas vezes, aceitamos pedidos para evitar julgamentos ou conflitos. Isso, no entanto, prejudica a organização da rotina e o cuidado com os próprios limites.
“Se você tenta agradar a todos, acaba se prejudicando”, afirma. Para lidar com isso, ela sugere formas educadas de recusar compromissos. Algumas opções são: “Agradeço o convite, mas não posso no momento” ou “Estou focando em outros projetos agora”.
Segundo Ana Carolina, aprender a dizer “não” não significa ser negativo ou insensível. Pelo contrário, é uma forma de respeitar os próprios limites e proteger o tempo necessário para atingir seus objetivos.
Priorize escolhas que favorecem o bem-estar
Por fim, Ana Carolina destaca que é impossível incluir mais planejamento ou responsabilidades em uma rotina já cheia. Por isso, a solução é reduzir demandas e reorganizar prioridades.
Ao fazer isso, é possível abrir espaço para projetos que estavam engavetados e direcionar a energia para atividades mais recompensadoras. “Se direcionarmos energia para o que nos motiva e traz bem-estar, alinhamos nossas escolhas pessoais com nossas metas”, conclui.
Para ela, uma boa estratégia é fazer uma lista do que evitar a partir de agora. Quando a rotina estiver mais leve, será o momento ideal para pensar em novos planos.
Ana Carolina Souza é sócia da Nêmesis e especialista em Neurociência Organizacional, atuando com assessoria e educação corporativa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.