Um estudo realizado pela B2Mamy, em parceria com a Kiddle Pass, revelou que 9 em cada 10 mães enfrentam burnout parental, evidenciando um dos principais desafios para a equidade de gênero no mercado de trabalho.
A pesquisa, que contou com a participação de mais de 1.500 mulheres, também apontou que metade das entrevistadas já recebeu algum diagnóstico relacionado à saúde mental, e 6 em cada 10 foram questionadas sobre filhos em processos de promoção ou seleção.
Esgotamento materno como reflexo da desigualdade
Lygia Imbelloni, médica e Head de Saúde e Bem-estar da B2Mamy, destacou que o burnout parental vai além da rotina diária das mães, afetando a sociedade e o ambiente de trabalho.
O estudo, com mais de 1.500 participantes, trouxe à tona a sobrecarga materna como uma questão central na discussão sobre equidade de gênero.
Histórico do burnout parental
Embora o burnout parental tenha sido mencionado pela primeira vez em 1983, o termo ganhou maior destaque nos anos 2000, com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e o crescimento do burnout profissional.
A pandemia de COVID-19 agravou a situação, expondo ainda mais as desigualdades enfrentadas pelas mães.
Um estudo da Universidade de Ohio, em 2022, mostrou que 66% dos pais que trabalham sofrem de burnout parental, com 68% das mães e 42% dos pais afetados.
Impacto nas mães brasileiras
A pesquisa revelou que mais da metade das mães entrevistadas estão em estágios graves ou moderados de esgotamento mental.
Mariana Pereira, diretora do projeto e Educadora Parental na Kiddle Pass, destacou que a situação é ainda mais alarmante entre grupos minorizados.
O Brasil apresenta o terceiro pior índice de saúde mental do mundo, segundo o Relatório Mundial de Estado Mental de 2024.
Desafios no mercado de trabalho
Entre as mães entrevistadas, 85% estão em atividades remuneradas, e 57% relataram já terem sido questionadas sobre maternidade e gravidez em processos seletivos ou promoções.
A maioria depende do suporte familiar para cuidar dos filhos, enquanto a assistência das empresas se limita ao básico: licença, plano de saúde e auxílio creche.
Cerca de 75% das mães chegaram a questionar a permanência no mercado de trabalho devido ao impacto do esgotamento e dos transtornos mentais.
Equidade de gênero no ambiente corporativo
A participação de mulheres sem filhos no mercado é 35% maior do que as mães, segundo o IBGE.
Mariana Espindola, CEO da Kiddle, reforça que, enquanto as empresas não adaptarem suas políticas para atender às demandas das mulheres, a permanência delas no mercado continuará a ser um desafio.
O fortalecimento de ambientes de trabalho que apoiem a maternidade e as famílias é necessário para alcançar a equidade de gênero, considerando que 51% da população é feminina.