Do Micro Ao Macro

Após golpe, 6 em cada 10 brasileiros deixam de comprar de marcas envolvidas, aponta estudo

Pesquisa revela que impactos na confiança do consumidor são duradouros e afetam até recomendações e hábitos de compra

Após golpe, 6 em cada 10 brasileiros deixam de comprar de marcas envolvidas, aponta estudo
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Golpes digitais envolvendo o uso indevido de marcas têm provocado rupturas importantes na relação entre consumidores e empresas no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Branddi mostra que 60% dos brasileiros deixariam de comprar de uma marca após serem vítimas desse tipo de fraude.

Em muitos casos, a decisão é definitiva, mesmo quando a marca não tem ligação direta com o golpe.

Reação imediata e duradoura

Entre os entrevistados, 26% afirmaram que abandonariam a empresa de forma permanente. Outros 22% só voltariam a consumir após a adoção de medidas visíveis de proteção. Já 12% disseram que deixariam de comprar da marca por um período.

Esse tipo de experiência também afeta o comportamento de compra de maneira mais ampla. Parte dos consumidores relatou que, depois de cair em um golpe, passou a evitar compras online, optando por lojas físicas.

Confiança abalada afeta recomendações

O impacto da fraude não se restringe à perda de um cliente. A disposição para recomendar a marca também diminui. Cerca de 41% dos entrevistados disseram que, após o golpe, alertam outras pessoas sobre a experiência negativa. Outros 20% deixam de indicar a marca mesmo sem ter certeza de sua responsabilidade no caso.

Esse comportamento de autoproteção e alerta coletivo mostra a relevância da reputação digital. Plataformas como redes sociais e marketplaces, hoje entre os principais canais de fraudes, contribuem para amplificar o dano.

Tipos de golpe mais frequentes

Os entrevistados citaram os anúncios falsos em redes sociais como a principal forma de golpe (71%). Em seguida, aparecem os sites falsos que imitam lojas oficiais (60%) e e-mails ou mensagens que direcionam para páginas piratas (52%).

Esses golpes costumam utilizar identidade visual, nome e canais de marcas conhecidas, o que configura concorrência desleal. Segundo o Procon, fraudes desse tipo estão cada vez mais sofisticadas, com uso de perfis falsos e inteligência artificial para simular campanhas promocionais e atrair consumidores com ofertas fora da realidade.

Imagem da marca é afetada

De acordo com Diego Daminelli, CEO da Branddi, o consumidor associa a experiência negativa à empresa, mesmo que ela não tenha responsabilidade sobre o golpe. “Cuidar da presença digital vai além de uma questão técnica: é uma estratégia de gestão da reputação e da confiança”, afirma.

Daminelli alerta que as marcas precisam monitorar continuamente sua atuação digital, com foco nos anúncios falsos, para demonstrar comprometimento com o consumidor.

Medidas reforçam credibilidade

A pesquisa mostra que muitos consumidores reconsideram sua relação com a marca, desde que percebam uma postura transparente por parte da empresa. Para 53%, a principal atitude que reforçaria a credibilidade seria a implementação de medidas de proteção visíveis no site. Outros 42% valorizam um posicionamento público sobre o caso e o mesmo percentual considera importante a comunicação ativa sobre fraudes nos canais oficiais.

Entre as marcas mais citadas como alvos frequentes de golpes estão OLX (50%), Temu (36%), AliExpress (29%), Shopee (29%) e Mercado Livre (28%).

Comunicação ativa e orientação

Ainda segundo Daminelli, as empresas devem assumir um papel mais ativo na prevenção. “O consumidor espera que as marcas comuniquem riscos e atuem de forma preventiva. Orientar a população é uma atitude bem vista”, afirma.

Fatores que favorecem os golpes

Dos entrevistados que caíram ou quase caíram em fraudes, metade mencionou o impulso diante de uma oferta muito atrativa. Outros 42% citaram pressa ou distração, e 37% disseram ter ignorado sinais como erros na URL, logotipo ou nome da empresa.

Para minimizar os riscos, Daminelli recomenda ações como clareza nos preços, identidade visual consistente e comunicação frequente pelos canais oficiais. Segundo ele, esses elementos ajudam a reforçar a credibilidade da marca e a reduzir brechas para golpistas.

Metodologia

A pesquisa ouviu 500 brasileiros com mais de 18 anos de todos os estados e classes sociais. Os dados foram coletados por plataforma online no dia 12 de junho de 2025.

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