Do Micro Ao Macro
Apenas 4% dos MEIs usam aplicativos do governo para gerir seus negócios
Pesquisa aponta preferência por ferramentas privadas e serviços de contabilidade


Poucos microempreendedores individuais (MEIs) utilizam os aplicativos disponibilizados pelo Governo Federal para gerenciar suas atividades. Apenas 4% recorrem ao app oficial MEI, disponível para Android e iOS, segundo a pesquisa “O Corre do MEI em 2024”. O levantamento foi realizado pela plataforma MaisMei com o objetivo de entender o comportamento desse grupo no Brasil.
De acordo com o estudo, metade dos entrevistados prefere usar aplicativos de empresas privadas. Outros 15% contratam profissionais de contabilidade para realizar tarefas como emitir o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), consultar CNPJ ou verificar débitos tributários.
Kályta Caetano, head de Contabilidade da MaisMei, explica que o baixo uso das ferramentas oficiais está relacionado a dois fatores principais.
“O desconhecimento sobre os canais do governo e a maior praticidade oferecida por soluções privadas impactam essa adesão”, afirma.
Desafios no uso de soluções digitais
Por outro lado, Kályta destaca que a dificuldade na realização de tarefas básicas, como a Declaração Anual de Faturamento (DASN), também contribui para o cenário.
Muitos MEIs não sabem quais informações precisam ser declaradas.
“Isso pode ser um obstáculo para quem tenta fazer tudo sem apoio profissional ou sistemas mais intuitivos”, completa.
Ausência de ferramentas na gestão
Além disso, a pesquisa revela que 23% dos microempreendedores não utilizam nenhuma ferramenta digital para administrar seus CNPJs.
Essa lacuna representa uma oportunidade de educar os MEIs sobre a importância das soluções digitais no dia a dia.
Para Kályta, “os MEIs são mais reativos, buscando apoio de contadores ou ferramentas apenas em situações emergenciais”.
Ela ressalta que um contador pode ir além das tarefas burocráticas. Um bom profissional ajuda em estratégias como criação de reserva de emergência e otimização dos benefícios previdenciários.
Perfil da pesquisa
Por fim, o levantamento contou com a participação de 5.640 microempreendedores.
O estudo alcançou um nível de confiança de 99% e margem de erro de 2%.
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