Do Micro Ao Macro

93% das motoristas de app dizem que passageiras se sentem mais seguras com mulheres ao volante

Estudo da 99 com a Think Eva revela impacto da atividade na renda das condutoras e aponta preocupações com assédio e violência

93% das motoristas de app dizem que passageiras se sentem mais seguras com mulheres ao volante
93% das motoristas de app dizem que passageiras se sentem mais seguras com mulheres ao volante
Motoristas mulheres relatam preferência de passageiras e desafios com segurança nos aplicativos
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Uma pesquisa realizada pela plataforma de mobilidade 99 em parceria com a consultoria Think Eva revelou que 93% das motoristas mulheres acreditam que passageiras preferem ser conduzidas por outras mulheres.

O levantamento integra a nova fase do programa 99 Mais Mulheres, voltado ao combate à violência de gênero e ao incentivo à presença feminina no transporte por aplicativo.

O estudo foi realizado em seis capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte — e ouviu 878 mulheres entre motoristas parceiras e potenciais motoristas.

Os dados mostram que 73% das entrevistadas são mães e 79% têm na atividade sua principal fonte de renda. Para 57%, essa é a única receita da casa.

Múltiplas responsabilidades

A maioria das motoristas tem mais de 40 anos (66%) e cerca da metade (49,5%) precisa conciliar o trabalho com os cuidados domésticos e familiares. Em muitos casos, dirigir se tornou uma alternativa diante da necessidade de manter a renda. Ainda assim, o modelo de trabalho por aplicativo é visto como oportunidade de reorganizar a vida com mais autonomia, devido à flexibilidade de horários e à possibilidade de ganhos imediatos.

Entre as motoristas ouvidas, 21% utilizam a direção para complementar outra fonte de renda, enquanto um grupo de tamanho igual faz o oposto: dirige como atividade principal e complementa a renda com outros trabalhos.

Violência e medo

A segurança é a principal preocupação das motoristas da 99. Assaltos e locais vazios são temidos por 74,9% delas.

Outras preocupações incluem segurança no trânsito (60%) e diferentes formas de assédio, como os cometidos por passageiros (56,5%), assédio sexual (51%) e abordagens vindas de outros motoristas (41%).

Antes de iniciar na plataforma, 21% das motoristas sentiam medo de dirigir, com 17% relatando muito medo. Após o início da atividade, esse número caiu para 6%.

A familiaridade com as ferramentas de proteção da plataforma contribui para essa mudança. Atualmente, 63% das motoristas afirmam sentir pouco ou nenhum medo.

Entre as potenciais motoristas, o receio ainda é mais alto. O medo de assédio sexual atinge 90% desse grupo, enquanto entre as motoristas ativas o índice cai para 51%.

Segundo a Think Eva, essa diferença indica que a informação e o acolhimento têm papel importante na redução da insegurança.

Orientações e canais de apoio

Como parte da nova etapa do programa 99 Mais Mulheres, foi lançada uma cartilha educativa com orientações sobre como prevenir e reagir à violência de gênero. O material foi elaborado em parceria com a Think Eva e a rede As Justiceiras, que presta apoio gratuito nas áreas jurídica, psicológica, social e médica.

O conteúdo da cartilha apresenta os principais tipos de violência — física, sexual, moral, patrimonial, digital e psicológica —, explica termos jurídicos como assédio e importunação sexual, e fornece orientações práticas para buscar ajuda. Também estão disponíveis os contatos de apoio como a Central de Atendimento à Mulher (180), Delegacias da Mulher, Defensorias Públicas e o canal das Justiceiras no WhatsApp (11 99639-1212). A cartilha pode ser acessada no aplicativo e nas redes sociais da 99.

Tecnologia e proteção

A 99 afirmou que disponibiliza mais de 50 funcionalidades de segurança em sua plataforma. Entre elas, está o botão 99Mulher, que permite às motoristas aceitarem apenas passageiras. A empresa também adota tecnologias como verificação facial de usuários e mapeamento de áreas de risco.

Em 2024, foram investidos R$ 50 milhões em ações voltadas à segurança. Para 2025, o valor previsto é de R$ 70 milhões, voltados ao aprimoramento de ferramentas existentes e ao desenvolvimento de novas funcionalidades.

Segundo Igor Soares, diretor de Qualidade e Segurança da 99, a empresa quer garantir que as motoristas tenham um ambiente mais seguro de trabalho. “Até o fim de 2025, serão cerca de R$ 70 milhões em investimentos para tornar a experiência de uso mais protegida e confiável”, afirma.

Metodologia

O levantamento reuniu dados quantitativos e qualitativos. Foram conduzidos 24 grupos focais com 156 participantes e aplicados questionários a 378 motoristas parceiras da 99 e 500 mulheres que ainda não dirigem pelo aplicativo, nas seis capitais pesquisadas.

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