Do Micro Ao Macro
5 mitos sobre operações com recebíveis de cartões que o mercado precisa superar
Credores ainda subestimam o potencial dos recebíveis de cartões nas operações de crédito para PMEs, alerta especialista


A antecipação de recebíveis provenientes de vendas com cartões de crédito se consolidou como uma das formas mais eficientes de oferecer crédito ao varejo. O modelo garante liquidez imediata, previsibilidade e segurança para credores que atendem pequenas e médias empresas (PMEs).
Apesar disso, o mercado de fomento comercial ainda é marcado por desinformação e crenças que afastam investidores de um dos ativos mais promissores da economia real. Segundo Adriano Joaquim, CEO da Cartular, o problema não está na falta de oportunidade, mas no desconhecimento sobre como operar e aproveitar o potencial desses recebíveis.
“O que falta não é ativo disponível ou interesse das PMEs, e sim entendimento sobre como usar esse instrumento nas operações de crédito. Ainda há pouco conhecimento sobre as tecnologias que permitem acessar e integrar esses recebíveis com eficiência e segurança”, afirma o executivo.
A seguir, ele explica cinco mitos que ainda dificultam o avanço desse mercado.
1. Antecipar recebíveis de cartões é burocrático
Essa ideia ficou no passado. As soluções digitais integradas às registradoras, somadas aos avanços regulatórios, tornaram o processo ágil, transparente e automatizado.
Hoje, qualquer CNPJ ativo com autorização de opt-in pode operar com esses ativos sem criar estruturas paralelas. Plataformas especializadas conectam credores diretamente aos sistemas das registradoras e aos ERPs, simplificando todo o fluxo operacional.
Segundo Joaquim, operar com recebíveis não muda a rotina das empresas de fomento, mas amplia o controle sobre as carteiras e melhora o retorno do capital investido. “O foco deve estar na originação inteligente, precificação adequada e análise de performance”, explica.
2. Atender PMEs é arriscado para credores
Trabalhar com pequenas e médias empresas deixou de ser sinônimo de risco elevado. Quando os recebíveis de cartões são utilizados como garantia, o credor passa a contar com um fluxo de pagamento previsível, rastreável e juridicamente protegido.
“O uso desses ativos reduz o risco porque o fluxo é mensurável e pode ser compensado imediatamente em caso de inadimplência”, afirma Joaquim. Para ele, o desafio não é o risco, mas a criação de produtos adequados que aproveitem as ferramentas tecnológicas já disponíveis.
3. As taxas de antecipação são muito baixas
Outro equívoco comum é acreditar que as taxas de antecipação são pouco atrativas. Segundo dados do Banco Central, a monetização de direitos creditórios tem média de 2,86% ao mês em operações com vencimento em até 30 dias — um patamar competitivo em relação a outras modalidades de crédito.
Essas taxas tornam o segmento viável tanto para quem oferece quanto para quem utiliza o crédito, especialmente em operações de curto prazo.
4. Os custos operacionais são altos
Com a digitalização do setor e a eliminação de intermediários, os custos caíram de forma significativa. Hoje, os credores não precisam desenvolver sistemas próprios complexos para acessar e registrar recebíveis, já que existem plataformas que automatizam todo o processo.
“A modernização do setor reduziu custos e aumentou a acessibilidade, permitindo que mais credores operem com eficiência e escala”, reforça o CEO da Cartular.
5. Antecipar recebíveis limita o crescimento das PMEs
O efeito é o oposto. Boa parte dos ativos registrados por adquirentes e subadquirentes é liquidada sem ser utilizada para antecipação ou garantia — uma oportunidade perdida para gerar capital de giro e expansão.
Transformar vendas futuras em recursos imediatos ajuda as PMEs a crescer, investir e manter estabilidade financeira. “Um relacionamento mais colaborativo entre credores e PMEs fortalece o ecossistema e cria valor para todos os envolvidos”, conclui Joaquim.
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