Do Micro Ao Macro
13º salário: como preparar o caixa da empresa e evitar aperto financeiro no fim do ano
Especialista orienta empresários sobre provisão mensal, prazos e encargos do benefício para garantir pagamentos sem comprometer o fluxo de caixa


O pagamento do 13º salário é uma das principais obrigações das empresas no fim do ano e representa impacto relevante para a economia. Em 2024, o benefício movimentou R$ 291 bilhões, equivalente a 2,7% do PIB nacional, segundo o DIEESE. Apesar da importância do valor injetado no consumo, muitos negócios enfrentam dificuldades para cumprir o compromisso por falta de provisão mensal dos custos.
A contadora Mariane Pereira Oriques, da Bonanza Consultoria, explica que a atenção aos prazos é o primeiro passo para evitar atrasos. “Neste ano, as datas de pagamento caem em finais de semana. Assim, a primeira parcela deve ser paga até 28 de novembro de 2025 e a segunda até 19 de dezembro. Também é possível quitar o valor integral até a data da primeira parcela”, orienta.
Como se organizar para o pagamento
Segundo a especialista, o ideal é reservar mensalmente uma fração do valor correspondente ao 13º, aplicando conforme a folha de pagamento. “A empresa pode investir o valor durante o ano e resgatar no momento certo. Isso evita impacto no fluxo de caixa e ainda gera rendimento”, explica Mariane.
Ela destaca que a falta de planejamento é um erro recorrente. O problema se agrava no fim do ano, quando muitas empresas também realizam férias coletivas e acumulam outros compromissos de folha.
Além do salário, o empresário precisa incluir na provisão os encargos obrigatórios, como FGTS (8%), INSS patronal, eRAT/RAT/FAP/Terceiros e IRRF sobre o valor integral da segunda parcela. “Esses tributos precisam ser considerados no cálculo desde o início do ano para evitar surpresas”, acrescenta.
Quem tem direito ao benefício
O 13º salário é direito de todos os funcionários com registro formal. Quem trabalhou o ano inteiro recebe o valor total; quem foi contratado em 2025 recebe proporcionalmente ao tempo de serviço.
“Para ter direito a um dos 12 avos, é preciso ter trabalhado pelo menos 15 dias dentro do mês. Se o registro foi feito no dia 20, por exemplo, esse mês não conta para o cálculo”, explica Mariane. As horas extras e comissões também entram no valor final.
Provisão e controle financeiro ajudam no equilíbrio
Mariane recomenda que as empresas mantenham contato frequente com o contador ao longo do ano para calcular as parcelas e projetar o impacto do benefício no orçamento. “O segredo é o planejamento. Aplicar pequenas quantias todos os meses facilita o pagamento em novembro e dezembro”, orienta.
A especialista também deixa uma dica para os trabalhadores: “O ideal é separar parte do 13º para lazer e consumo, mas reservar uma quantia para quitar dívidas ou começar o ano com folga financeira. Essa organização traz tranquilidade para o empregador e para o empregado.”
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