Barraco da Rosa

Três candidatas negras e trans para você conhecer antes da votação

Vivemos em um país onde 7 a cada 10 pessoas assassinadas são negras, além de sermos o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. A falta de representatividade e proporcionalidade de pessoas trans e negras na política é um fator determinante para essa […]

Foto retirada do site antigo
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Vivemos em um país onde 7 a cada 10 pessoas assassinadas são negras, além de sermos o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. A falta de representatividade e proporcionalidade de pessoas trans e negras na política é um fator determinante para essa realidade desumana que certos corpos estão submetidos.

Nesse sentido, conheça 3 candidatas negras e trans que se propõem a ser essa voz de representatividade no campo legislativo da política institucional:

  • Erica Malunguinho

Uma das cabeças por trás da Aparelha Luzia, que é um quilombo urbano localizado no centro de São Paulo, Érica Malunguinho reivindica alternância de poder em sua candidatura. Ao dialogarmos sobre representatividade trans na política institucional, ela chama atenção pra urgência de pessoas trans ocupando esse espaço:

“É necessário, urgente e fundamental que pessoas transvestigêneres, transexuais e travestis estejam dentro desses espaços de tomada de decisão porque se a gente tem, dentro desse modelo político brasileiro, uma ordem que diz respeito a representantes, e os representantes precisam estar relacionados a todas as populações e grupos sociais que estão presentes (…) isso já é motivo de sobra para que nossas existências, posicionamento, cultura e saber esteja dentro desse território” afirma Malunguinho em entrevista para a Carta.

“Falar também sobre representatividade trans é pensar um corpo trans lá dentro, desde que esteja atrelado e comprometido com as pautas históricas dos movimentos de mulheres trans, homens trans e populações LGBTs” afirma Malunguinho ao defender sua candidatura. “Acho importante dizer também que essa representatividade trans, no meu caso, está extremamente atrelada ao fundamento racial, a luta negra, das mulheres negras e indígenas, que também são negras. É disso que estamos falando, pensar na base e nas estruturas”

  • Professora Jaqueline de Jesus

 

É candidata a deputada estadual pelo PT no Rio de Janeiro, professora e ativista dos direitos humanos focado nas populações negras, trans e LGBTQIA+. Em sua candidatura ela se propõe a transformar vidas: “Eu tenho toda uma trajetória de pioneirismo e chego agora com essa proposta de formar uma candidatura que visa criar um mandato coletivo na ALERJ (Assembleia Legistativa do Estado do Rio de Janeiro), um mandato de interseccionalidade, da educação, das mulheres negras, trans, de todas as mulheres: lésbica, bi, intersexo, representando toda a população, mas com foco naquelas que são mais afetadas pela violência, pelo racismo, pelo machismo, pela LGBTfobia” afirma Jaqueline.

Entre suas pautas, a Professora Jaqueline de Jesus defende a educação como principal forma de transformar a sociedade: “Quando eu falo da educação, eu entendo que não é um tema monótono, é algo central pra gente pensar a economia, pensar a saúde e a vida dagente de médio a longo prazo, pensar o futuro e tecer novos amanhãs, então um eixo central da minha propositura é pensar na infraestrutura das escolas, revitalizar as FAETECS a partir da perspectiva da educação profissional, revitalizar as universidade, centro de formações e cultura nas aulas de dança, etc”.

  • Alexya Salvador

É a primeira pastora trans da América Latina, mãe, também foi a primeira mulher trans a adotar uma criança no Brasil.

Não obstante, ela é professora e se candidatou porque cansou de esperar posturas do governo estadual em relação a crianças com deficiência, já que um dos seus filhos vive essa realidade: “Eu estou candidata porque eu acredito que somente ocupando esse espaço de poder na ALESP (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo), sendo uma mulher trans e uma pastora trans, eu vou ser essa pessoa que tem condições de dar de frente com a bancada da bíblia. Eu sou a pessoa exata para que quando aqueles e aquelas que impedem nossos projetos de lei e que nossas demandas criem corpo e ganhem a sociedade, eu vou ser aquela pessoa que vai poder dialogar com toda força com eles”

Ao dialogarmos sobre a presença de pastores diretamente influenciando a política, ela afirma que “nós temos deputados pastores e pastoras que deveriam ser os primeiros a propover a vida, a igualdade, a justiça, e os seus conceitos religiosos não devem interferir na vida do estado. Eles não são laicos, eles não promovem isso. Eles usam o seu poder de fé, as suas igrejas, para justificar sobre os nossos corpos transgressores, as nossas demandas transgressoras, o não que eles dão aos nossos projetos de lei. É por isso que sou candidata, porque sou essa pessoa preparada para ter uma voz diferenciada dentro daAssembléia Legislativa de São Paulo” afirma Alexya Salvador, que se motiva para construir uma sociedade melhor para sua filha, uma criança trans, para que ela possa estar inseridaem uma sociedade mais humana e justa quando tiver a sua idade, 37 anos.

Confira o vídeo na íntegra abaixo:

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