Os fatores decisivos para políticas públicas e justiça social devem ir além da identidade pessoal, mesmo para os setores historicamente excluídos dos espaços de poder. É com essa ideia que Asad Haider, autor norte-americano com descendência paquistanesa, desenvolve o livro Armadilha da Identidade, publicado pela editora Veneta no Brasil. Amparado em movimentos como o dos Panteras Negras, ele argumenta que não há uma prevalência entre classe, raça e gênero: a prioridade é a real transformação.
“Tivemos muitos movimentos históricos contra racismo, sexismo e outras formas de opressão que tiveram seu êxito transformando toda a estrutura social. Eles queriam mudar toda a sociedade, e esses eram movimentos coletivos e de massa”, disse em entrevista a CartaCapital.
No cenário universitário em sua formação como historiador ou na percepção de como era visto após o atentado às Torres Gêmeas – descendente de paquistaneses, ele diz que muitos nem sabiam onde ficava o Paquistão até o ataque -, Haider reconhece que setores da esquerda, por exemplo, são de fato muito brancos. A acusação de falta de representatividade é uma crítica válida, mas nula se não propõe mudar as raízes. No sentido prático, se a violência policial atinge expressivamente mais pessoas negras, “todos deveriam estar revoltados com isso”, diz Haider. “Se essas podem ser conversas que não sejam sobre atacar um ao outro, mas sobre construir novos tipos de solidariedade, esse será o desenvolvimento que precisamos”, analisa.
Assista à íntegra da entrevista:
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