Diversidade

Espanha: o feminismo no centro do debate eleitoral

É uma reação ao avanço da extrema-direita no país

A Espanha volta às urnas (Foto: AFP)
Apoie Siga-nos no

Esta sexta-feira 26 foi o último dia na Espanha da campanha para as eleições legislativas que acontecem no próximo domingo 28. O papel das mulheres na sociedade e as pautas ligadas aos direitos femininos tomaram o centro do debate com o crescimento de uma onda feminista amplamente contestada pelo partido de extrema-direita Vox.

Depois de grandes manifestações no dia 8 de março, tanto em 2018 quanto em 2019, as mulheres serão decisivas no resultados das próximas eleições. Elas representam 40% a mais que os homens entre os indecisos, de acordo com dados do instituto de pesquisa Metroscopia. Segundo o levantamento, 80% da população apoiou as mobilizações feministas de março dos últimos anos.

A mobilização feminina tem atingido até as pequenas cidades do país, como Loureiro, que tem apenas 60 habitantes. Ela realizou neste ano sua primeira manifestação de 8 de março. Emilia Pato, de 60 anos, conta que tinha dúvidas quanto à adesão ao protesto, mas quase a metade da cidade participou.

 

A palavra de ordem nesta pequena localidade espanhola foi “As mulheres da zona rural também podem ir ao bar”. Segundo moradoras, o local nunca foi proibido, mas é majoritariamente frequentado por homens.

Essas mudanças afetam também a política. O primeiro-ministro Pedro Sánchez nomeou mulheres para 11 dos 17 ministérios do seu governo. Para o cientista político Silvia Claveria, até o Partido Popular, de direita, aderiu de alguma forma a este discurso. 

Extrema-direita na contramão

O crescimento da extrema-direta ameaça, no entanto, esse consenso em torno da pauta. O partido Vox, que tem um forte discurso antifeminista, deve ocupar pela primeira vez cadeiras do parlamento espanhol.

O Partido Feminista critica o ultradireitista Vox:

Segundo Francisco Camas, do instituto de pesquisa Metroscopia, 75% dos eleitores deste partido são homens. A agremiação é a quinta em intenção de votos segundo as sondagens – em torno de 10% -, mas sobe para o segundo lugar entre o eleitorado masculino. O discurso do Vox também é considerado anti-imigração e ultranacionalista.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez fez apelos nesta sexta-feira para que o país impeça o avanço da ultradireita. Ele teme que o resultado do Vox nas urnas seja muito maior do que o anunciado pelas pesquisas, como aconteceu recentemente com o partido de extrema direita da Finlândia, chamado Verdadeiros Finlandeses.

Por outro lado, o voto feminino é disputado pelos socialistas do PSOE, partido de Pedro Sánchez, e pelo Ciudadanos, agremiação de centro-direita, que defende um “feminismo liberal”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo