Diversidade
Em novo deboche anti-trans, J.K. Rowling celebra decisão que define ‘mulher’ pelo sexo biológico no Reino Unido
A interpretação restritiva, na prática, pode vetar o acesso de mulheres trans a espaços exclusivos para o público feminino, como academias, abrigos e centros de acolhimento


Famosa pela obra Harry Potter e, mais recentemente, por seu ativismo contrário à inclusão de mulheres trans em pautas de gênero, a escritora J.K. Rowling usou as redes sociais para celebrar a decisão da Suprema Corte britânica que define legalmente o conceito de mulher com base no sexo biológico.
A decisão, tomada na quarta-feira 16, representa um revés para mulheres trans no Reino Unido, que há 15 anos buscam inclusão na Lei de Igualdade — legislação que combate a discriminação de gênero e incentiva a participação feminina no mercado de trabalho. O julgamento foi motivado por uma ação do grupo For Women Scotland contra a tentativa de estender o entendimento da lei às pessoas trans.
O vice-presidente da Corte, Lord Hodge, afirmou que a votação unânime estabelece que os termos “mulher” e “sexo”, na legislação de 2010, se referem exclusivamente a mulheres biológicas. Ele ressaltou, no entanto, que a decisão “não deve ser interpretada como um triunfo de um grupo sobre outro”, já que pessoas trans continuam amparadas por leis antidiscriminação.
A interpretação restritiva, na prática, pode vetar o acesso de mulheres trans a espaços exclusivos para o público feminino, como academias, abrigos e centros de acolhimento.
Na rede X (antigo Twitter), Rowling comemorou: “Foram necessárias três mulheres escocesas extraordinárias e tenazes para que este caso fosse ouvido pela Suprema Corte e, ao vencer, protegeram os direitos das mulheres e meninas em todo o Reino Unido”.
Criticada por usuários da rede, ela respondeu que “pessoas trans não perderam nenhum direito, embora não duvide que algumas ficarão furiosas porque a Corte manteve os direitos das mulheres baseadas no sexo”.
Em outra postagem, escreveu: “O fato de tantas trans ativistas britânicas estarem reclamando sobre a injustiça de terem perdido direitos que nunca possuíram deve-se ao seu senso de direito descontrolado, alimentado por covardes e idiotas que cederam às campanhas de intimidação”.
Na sequência, publicou uma foto em tom provocativo: aparece segurando um copo de uísque e fumando um charuto com a legenda “adoro quando um plano dá certo”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.