Diversidade

Em evento LGBT, Alê Youssef defende resistência e ação contra ataques

Secretário municipal de Cultura de São Paulo disse que a diversidade não vai deixar de receber incentivo da capital paulista

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O secretário municipal de Cultura de São Paulo, Alê Youssef, afirmou nesta quarta-feira 28 que, diante dos ataques à cultura e os direitos humanos no Brasil, é preciso agir além da resistência. “É fundamental nós nos posicionarmos com contundência, abrir todos os espaços de diálogo, construir pontes entre movimentos, entre grupos organizados, entre setores da sociedade civil e entre governos que pretendem se colocar em uma postura forte e consistente diante desses ataques”, afirmou Youssef enquanto discursava na abertura da Conferência Internacional da Diversidade e Turismo LGBT, realizada no centro da capital.

Sem citar a recente decisão do governo de Jair Bolsonaro de extinguir apoio à séries e filmes com temáticas LGBTs, classificados por integrantes da área como censura, Youssef deixou claro em seu discurso que a cidade de São Paulo não seguirá essa medida e que vai incentivar a diversidade, assunto criticado por Bolsonaro. “É como se nós, agora, tivéssemos que obrigatoriamente nos unir, traçar uma linha no chão que separa a civilização da barbárie para que a gente possa ir além do discurso de resistência fazendo todas essas coisas que nós todos somos capazes de fazer”, afirmou.

 

O próprio prefeito da cidade, Bruno Covas (PSDB) tem se posicionado contrário à algumas decisões e declarações de Bolsonaro. Em entrevista a CartaCapital, o tucano assumiu que anulou o voto no segundo turno das eleições presidenciais e classificou como absurdas as recentes declarações do presidente.

Com apoio da Prefeitura, o próprio evento sobre turismo LGBT é uma resposta da cidade de São Paulo para Bolsonaro. Em abril deste ano, o pesselista afirmou que o “Brasil não pode ser o país do turismo gay”. A frase repercutiu negativamente, pois só na cidade de São Paulo a Parada do Orgulho LGBT, a maior do mundo, arrecadou neste ano mais de 400 milhões de reais.

E não é só em São Paulo. O presidente da Câmara do Comércio e Turismo LGBT do Brasil, Ricardo Gomes, contou que Brasil é o país que mais lucra com o turismo LGBT, perdendo apenas para os EUA. Além disso, segundo a Organização Mundial do Turismo, o turismo LGBT é o mais rentável do mundo. “Deixar de investir nesse segmento é dar um tiro no número de empregos no país e também na economia. Isso é muito negativo para nós”, afirmou Gomes.

Segundo Ricardo Gomes, lucro do Brasil com turismo LGBT só menor que o dos EUA (Foto: Câmara do Comércio e Turismo LGBT)

A Câmara do Comércio e Turismo LGBT do Brasil é responsável pela realização da Conferência, que em 2019 chega a sua 3ª edição. A ideia do evento é reunir segmentos interessados em investir nesse nicho de comércio e incentivar outro países a virem para o Brasil.

Sobre a declaração de Bolsonaro, Gomes reforça a interferência negativa no turismo nacional. “Quando o presidente disse sobre o turismo LGBT, tivemos diversos pensadores do turismo mundial escrevendo que não era o momento de visitar o Brasil, afirmando que o País ia ficar menos seguro para os LGBTs. Isso desacelara o turismo e é muito negativo”, afirma.

E a atuação da Câmara, segundo Gomes, vai ser em tentar limpar essa imagem e lutar para que o Brasil permaneça sendo o local escolhido por LGBTs de todo o mundo para visitar. “A casa verdadeira do turismo não é o País, é a cidade e o Estado. Quem cuida da cidade é a própria cidade, não o governo federal. O presidente disso que não iria colocar um real nas paradas, ele nunca colocou, quem coloca são os estados e municípios. Quem vai promover o turismo LGBT no Brasil não é ele”, conclui.

A Conferência, que começou no domingo 25, contou com mesas sobre temas relacionados ao turismo e à cultura. Nomes como atriz Renata Carvalho, a advogada Cris Oliviere, Dana Picoli, Paulo Barata, Laís Bodanzky, entre outros, participaram do encontro.

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