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Cuba desiste de incluir casamento gay na nova Constituição

Assembleia Nacional remove texto que permitiria a legalização de uniões entre pessoas do mesmo sexo para “respeitar todas as opiniões”

Cuba desiste de incluir casamento gay na nova Constituição
Cuba desiste de incluir casamento gay na nova Constituição
A soma é sempre a mesma (Foto: Pixabay)
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Cuba decidiu remover do esboço de sua nova Constituição diretrizes que pavimentariam o caminho para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo de modo a “respeitar todas as opiniões”, comunicou a Assembleia Nacional do país.

Uma comissão parlamentar responsável pela elaboração da nova Constituição cubana propôs omitir a proposta de linguagem que define o casamento como a união de “duas pessoas […] com direitos e obrigações absolutamente iguais”.

A comissão é liderada pelo primeiro-secretário do Partido Comunista e ex-presidente de Cuba Raúl Castro. Sua filha, Mariela Castro, é uma legisladora conhecida na área de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Sua ação ajudou a reabilitar a imagem internacional de Cuba sobre estes direitos, especialmente depois de o governo comunista liderado pelos irmãos Castro ter enviado homossexuais para campos de trabalho forçado nos anos 1960 e seguido com a perseguição nos anos 1970.

A comunidade homossexual tem crescido em Havana e em outras cidades cubanas, mas as atitudes anti-homossexuais permanecem profundamente enraizadas em grande parte da população. Os cubanos, que normalmente evitam as críticas abertas ao governo, manifestaram-se em grande número contra o proposto artigo constitucional.

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As igrejas evangélicas, em rápido crescimento em Cuba, protestaram contra a mudança proposta e lançaram uma campanha com o lema “Sou a favor do plano original de Deus”.

O governo cubano se viu pressionado por uma pouco habituada rejeição pública.

O esboço integral da reforma constitucional foi enviado para debate em conselhos comunitários e de ambiente de trabalho entre agosto e novembro. A questão do casamento foi a que mais chamou a atenção.

“O Artigo 68 foi o mais discutido pelo povo na consulta popular, em 66% das reuniões (de debate dos cidadãos). Dos 192.408 pareceres, 158.376 propuseram a substituição da medida agora em vigor pela proposta”, disse a Assembleia Nacional numa mensagem publicada no Twitter.

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“A Comissão propõe adiar o conceito de casamento, isto é, deixá-lo de fora do esboço da Constituição, como forma de respeitar todas as opiniões.”

A medida contrapõe o compromisso do presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, de “eliminar todos os tipos de discriminação da sociedade”.

A nova Constituição, que obteve a aceitação inicial do parlamento e substituirá a Constituição de 1976, será submetida a um referendo em fevereiro. Uma grande diferença entre a Constituição de 1976 e o esboço é que o novo documento não menciona uma sociedade comunista, embora reafirme a natureza socialista do sistema político e o papel de liderança do Partido Comunista.

O novo texto também reconhece o direito à propriedade privada, o papel que os mercados podem desempenhar e a importância do investimento estrangeiro.

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