Diversidade

Chicago elege a primeira prefeita negra e lésbica

Lori Lightfoot, ex-promotora federal, venceu Toni Preckwinkle, também afro-americana, e irá governar uma das cidades mais violentas dos EUA

A nova prefeita de Chicago, com a filha e a esposa (Foto: AFP)
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A partir de 20 de maio, a terceira maior cidade dos Estados Unidos, Chicago, será administrada por uma mulher negra e lésbica, a primeira na história do país. A ex-promotora federal Lori Lightfoot, de 56 anos, derrotou na terça-feira 2 Toni Preckwinkle.

A ex-procuradora federal, que nunca antes havia disputado um cargo eletivo, conseguiu 74% dos votos contra os 26% de Toni Preckwinkle, também negra e lésbica. “Vocês não se limitaram a fazer história, criaram um movimento de mudança”, disse Lightfoot a centenas de apoiadores. Preckwinkle manifestou o seu apoio à também democrata: “Trata-se de seguir o caminho em frente”.

Lightfoot nunca ocupou um cargo político, enquanto Preckwinkle, de 72 anos, foi vereadora da cidade durante quase duas décadas antes de se tornar presidente do conselho de Cook County em 2010. A prefeita eleita promete acabar com a corrupção e tornar as ruas da cidade novamente seguras. “Podemos e vamos reconstruir Chicago”, afirmou.

Nos Estados Unidos, apenas 6% dos presidentes de Câmara (prefeitos e prefeitas) nas 200 maiores cidades americanas são mulheres negras, de acordo com a plataforma Reflective Democracy Campaign, citada pela agência de notícias Reuters.

Lightfoot e Preckwinkle, ambas democratas, foram ao segundo turno das eleições depois de conseguirem as melhores votações entre os 14 candidatos nas eleições de fevereiro. Lightfoot substituirá Rahm Emanuel, que não se candidatou a um terceiro mandato na Câmara.

Desafios

A recém-eleita, ex-presidente do corpo civil independente do Conselho da Polícia de Chicago, herda enormes desafios fiscais. Entre eles encontra-se um passivo não capitalizado de 28 milhões de dólares (cerca de 25 milhões de euros) dos quatro sistemas de reforma na cidade, além de uma crescente contribuição anual para o fundo de pensões que irá atingir os 2 milhões de dólares (1,8 milhão de euros) em 2023, sintetiza a Reuters.

Lightfoot também terá de lidar com um défict orçamental estimado em 252 milhões de dólares (225 milhões de euros) para o ano fiscal de 2020, juntamente com contratos de trabalho com sindicatos da polícia, bombeiros e professores que já expiraram ou estão em vias de expirar.

A nova prefeita não vai ter descanso se quiser mesmo resolver os problemas da cidade de quase 3 milhões de habitantes. Chicago é campeã em homicídios nos Estados Unidos, com cerca de 540 assassinatos por ano. Apesar de os homicídios em Chicago terem diminuído no ano passado, menos de um em cada cinco ficou resolvido.

Leia também: Uma magistrada negra: história e um Judiciário para além da exceção

Também é uma das cidades americanas com maior disparidade econômica e social entre os grupos raciais. Brancos, negros e latinos têm praticamente a mesma representação demográfica na cidade. Cada um desses grupos representa cerca de 30% da população, mas os negros e os latinos ainda vivem como minorias em Chicago, pois não contam com as mesmas perspectivas socioeconômicas dos brancos.

Preckwinkle ofereceu o seu apoio à rival vitoriosa. “Não há muito tempo, duas mulheres afroamericanas a disputarem este lugar seria impensável. Embora possa ser verdade que tomámos caminhos diferentes para aqui chegar, esta noite trata-se de seguir o caminho em frente”, disse.

As duas candidatas, ambas da ala esquerda dos democratas, competiram com programas reformistas progressistas e promessas de fazer uma limpeza no governo da cidade e reduzir as desigualdades econômicas.

Com informações da Deutsche Welle e RFI

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