Barraco da Rosa

Mulheres trans que amam outras mulheres

Na semana da Visibilidade Lésbica, conheça a história de duas mulheres trans que estão quebrando preconceitos

Foto retirada do site antigo
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Uma das maiores dificuldades da sociedade em entender a transexualidade de maneira verdadeira é perceber a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero.

Identidade de gênero é a forma como a pessoa se enxerga, ou seja: homem cis ou trans, mulher cis ou trans, travestis, hijras, não-binários ou qualquer outra identidade que esteja para além do binarismo homem ou mulher a qual nossas identidades historicamente foram submetidas.

Orientação Sexual diz respeito a quais identidades de gênero a pessoa se atrai, seja física, romântica ou sexualmente falando.

Exemplo: Se uma mulher trans é lésbica, sua identidade de gênero é mulher trans e sua orientação sexual é lésbica.

Se um homem se atrai por uma mulher trans, sua identidade de gênero é homem (cis ou trans), e sua orientação sexual é heterossexual.

Luana Pimentel, 32, é uma mulher trans e travesti que trabalha em Campinas como analista de sistemas e está em um relacionamento sério há quatro anos com Camila, 29, mulher cis, doutoranda e bióloga.

Elas estão juntas desde antes da transição de Luana: “no começo da transição tinha bastante olhar em qualquer lugar que a gente ia. Quanto tava só eu, tinha uma quantidade de olhares. Já quando estava nós duas, chamávamos atenção do lugar inteiro” reflete Luana ao dialogar sobre a influência da sua transição de gênero no relacionamento.

Elas também afirmam que no começo se afastaram de algumas pessoas que consideravam amigos por conta do preconceito, mas que hoje se fortalecem com grupos que “não são apenas espectadores, mas também agentes (de transformação social)”, conta Luana que, após assumir sua identidade de gênero, também perdeu a relação com a família.

Já para Camila Torres, ao assumir seu afeto por uma mulher trans, enfrentou resistência por parte da família. “Quando eu contei da Lu eles falaram: ah, você não deixa de ser nossa filha, a gente te ama mas não queremos saber mais do seu relacionamento, a Luana não entra nessa casa e a gente não viaja mais junto”. Em contraposição, Camila encontrou afeto com outras amigas lésbicas: ˜Com elas ao redor você se sente muito mais apoiada, um suporte muito grande da parte delas”

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Paralelamente, conversei com a cantora de rap Naísa Zaiiah, 28, e a poeta Camila Santos, 25, que moram na periferia de São Paulo. “Por eu ter feito a transição de gênero, acham que eu vou querer ser uma mulher cis padrão, heterossexual. Mas eu sempre senti muito mais atração por mulheres do que por homens. Eu só não inibo os meus sentimentos e minhas vontades” afirma Zaiiah.

Ao questionar sobre a relação das artistas com o movimento lésbico, Camila Santos, que é uma mulher cis, diz que “no meio lésbico-cis as meninas tem um tabú muito grande com o órgão genital, e muitas vezes não conseguem lidar com uma mulher de peito e pau”.

Porém, mesmo com mesmo com esse cenário transfóbico, Zaiiah, que é mulher trans, acredita que “a gente também está numa época de quebrar estereótipos e padrões, então também rola de uma mina cis e lésbica acabar entendendo como é uma pessoa trans e gostar dela independente do órgão genital”, diz.

Ao dialogar sobre identidade de gênero e sexualidade, todas as entrevistadas acreditam ser importante que a sociedade entenda essa diferença para que suas existências possam ser compreendidas de maneira digna e sincera.

Confira as entrevistas completas a seguir:

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