Diversidade
Assassinatos de travestis e transsexuais crescem 70% em 2020
Levantamento feito pela Antra mostra que todas as vítimas são do gênero feminino
2020 tem sido um ano recorde de assassinatos contra travestis e transsexuais no Brasil. Nos oito primeiros meses do ano, o País registrou 129 assassinatos de pessoas trans, um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira 08 pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra). O levantamento mostra também que 2020, em apenas oito meses, superou todos os anos anteriores desde o início do levantamento feito pela ONG, que acompanha os registros nas delegacias do Brasil.
“Esse resultado se dá muito pela falta de ações do estado, que segue ignorando esses índices e não implementou nenhuma medida de proteção junto à população LGBTI+, mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a LGBTIfobia como uma forma do crime de racismo”, diz a Antra.
A associação alerta para o aumento da vulnerabilidade das pessoas trans em meio à pandemia do novo coronavírus.
“Enfrentamos um momento singular com a pandemia da Covid-19 agravando ainda mais as desigualdades já existentes. A vida das pessoas trans, principalmente as travestis e mulheres transexuais trabalhadoras sexuais, que seguem exercendo seu trabalho nas ruas, tem sido afetadas diariamente. A maioria não conseguiu acesso às políticas emergenciais do estado devido à precarização histórica de suas vidas e não possui outra opção a não ser continuar o trabalho nas ruas, se expondo ao vírus e consequentemente à violência transfóbica”.
São Paulo lidera número de assassinatos
São Paulo continua sendo o estado que mais mata pessoas trans no Brasil, com 19 casos, seguido por BA e MG com 16, Ceará com 15 e RJ com 7 assassinatos.
“Os dados não refletem exatamente a realidade da violência transfóbica em nosso país, uma vez que nossa metodologia de trabalho possui limitações de capturar apenas aquilo que de alguma maneira se torna visível. É provável que os números reais sejam bem superiores”, alerta a Antra.
Leia também
A gente sabe da violência contra os trans. Mas existe a resistência
Por Augusto DinizOrganização LGBT entra na justiça contra Silas Malafaia por transfobia
Por Alexandre PuttiSTF lança coletânea que reúne todas as decisões favoráveis aos LGBTs
Por Alexandre PuttiComo morrem os pobres: coronavírus afeta populações de forma desigual e perversa
Por BrCidadesUm minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.