Diversidade

ABL frustra campanha e deixa Conceição Evaristo fora da lista de imortais

O cineasta Cacá Diegues recebeu 22 votos e conquistou a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras

Conceição Evaristo, escritora, Mestre em Literatura e Doutora em Literatura Comparada.
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Quatro meses atrás, quando o cineasta Nelson Pereira dos Santos faleceu, onze escritores se candidataram para assumir a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Conceição Evaristo, escritora mineira negra, autora dos livros “Olhos d’água”, “Ponciá Vivêncio”, entre outros, declarou interesse em concorrer.

Era uma tentativa de desafiar a falta de diversidade da ABL – todos os 40 membros da Academia são brancos e, majoritariamente, homens. Quem incitou a ideia foi a jornalista Flávia Oliveira, do jornal O Globo, ao escrever que votaria em Evaristo: “Tá faltando preto na Casa de Machado de Assis”.

A internet comprou a ideia. Movimentos negros e feministas juntaram 25 mil assinaturas em uma petição virtual para pressionar a ABL e deixaram a hashtag #ConceicaoEvaristonaABL em destaque no Twitter. No dia 18 de junho, Evaristo entregou uma carta para oficializar sua candidatura.

Leia também: Conceição Evaristo: “Nossa fala estilhaça a máscara do silêncio”

Só não levou a sério nenhum dos rituais de bajulação da ABL. Não frequentou eventos para conquistar o júri, não organizou jantares. Queria apenas abrir uma discussão sobre os membros da ABL. Nunca nenhuma mulher negra ocupou uma das cadeiras. E só dois homens negros conseguiram a façanha: João do Rio e Machado de Assis.

Não deu mesmo para Evaristo. A autora levou apenas um voto. O cineasta branco Cacá Diegues venceu a disputa com os outros 22, deixando para trás o pesquisador Pedro Côrrea do Lago, neto de Oswaldo Aranha. A votação aconteceu na noite desta quinta-feira 30.

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