Diversidade

“A pessoa é inimiga do que desconhece”

Os templos podem ser um espaço para quebrar preconceitos e auxiliar na compreensão da diversidade de crenças e opiniões

Apenas o diálogo é capaz de romper as barreiras entre as religiões
Apoie Siga-nos no

O diálogo entre indivíduos de diferentes religiões é a demonstração da vontade de convivência pacífica. Outrora, a exposição de tal vontade não era tão fácil como agora. Hoje em dia, o diálogo é, porém, uma necessidade na visão daqueles que se preocupam com o futuro do mundo. Pois, nós, como indivíduos desta era moderna, vivemos crises sucessivas.

Neste caso, o que os religiosos devem fazer? Devem agir da mesma forma que aqueles polarizados da história agiram? Ou devem exercer um trabalho de amor, bondade e paz, levando em consideração as condições desta época e se mantendo fora da atmosfera política entre os países? 

Leia mais:
Candomblé: religião de resistência
“Protestante”: postura a ser revivida

Antigamente os Estados possuíam religiões oficiais. Religiosos tinham um status poderoso, logo depois dos reis. Estes prestigiavam seu poder principal para utilizar as religiões conforme seus interesses políticos. Para os muçulmanos, o maior sinal foram As Cruzadas. Acredito que os cristãos também se lembrarão de um exemplo.

A relação entre religião e Estado sempre teve impacto sobre a aceitação das crenças na consciência humana. A religião aceita oficialmente pelo Estado poderia ser divulgada pelo poder estatal.

Aliás, a interpretação de uma religião, que foi adotada por um país, podia tornar aquele país um lugar sem espaço para as outras interpretações da mesma crença. Nos países modernos, esta relação Estado-religião foi interrompida, ou ao menos reduzida, por meio do laicismo.

A não interferência dos Estados laicos nas crenças serviu para que cada indivíduo ficasse com sua religião. Uma vez que a religião não é para os Estados, mas para os seres humanos, a religião possui um certo valor desde que os indivíduos a aceitem com própria consciência. 

A influência da religião, inclusive, pode ser observada na consciência e na vida humana apenas quando ela for aceita com vontade e consciência próprias. Hoje, quem percebe o seu valor humano começa a questionar todos os aspectos da herança cultural q dos seus antepassados.

Portanto, a religião, como um dos principais aspectos da herança cultural, tem sido questionada. Pode-se dizer que os crentes de uma religião, seja qual for, enfrentam uma realidade comum.

A religião, contudo, ainda é uma das ferramentas que mantém influência sobre a maioria da população no mundo. As migrações, causadas por vários motivos, transformaram as populações de diversos países em multiculturais e multi-religiosas.

A cada dia percebemos o aumento do número de praticantes de diferentes religiões e culturas. A maior influência, capaz de facilitar a compreensão das diversidades e a quebra dos preconceitos, vem dos templos.

Um líder religioso aberto ao diálogo acaba percebendo uma crescente onda de questionamento e de preconceito contra outros dentro de sua comunidade, mas convida essas pessoas que sofrem preconceito, oferecendo-lhe a oportunidade de se expressar, e oferecendo a oportunidade de fazerem perguntas e se conhecerem melhor. Assim, as preocupações e conflitos causados pelo desconhecimento se reduzem.

Como muçulmanos, sabemos muito bem o quanto são importantes as atividades promovidas pelos líderes abertos ao diálogo. Porém, há grupos terroristas que utilizam os símbolos e os valores pertencentes à religião islâmica. Por causa da violência desses terroristas, os muçulmanos acabam sendo identificados com terrorismo e vivendo sua religião de forma secreta.

Após Donald Trump vencer as eleições nos EUA, muitas jovens muçulmanas de universidades norte-americanas tiraram seus lenços, mesmo sem querer. O véu islâmico expunham sua origem muçulmana e incitava a violência de fanáticos. Sempre que puderam se expressar, as jovens declararam ser contra o terrorismo. Elas puderam dizer que no Alcorão se diz que “matar uma pessoa é um pecado muito grave, considerado como matar toda humanidade” (Alcorão 5;32).

Sempre haverá aqueles dispostos a explorar a influência da crença. O diálogo entre os fiéis de diferentes religiões e o conhecimento mútuo são passos importantes para prevenir tal exploração. O conhecimento ilumina. A falta de conhecimento equivale à escuridão da noite. Um dos caminhos mais práticos e eficientes para o fim das inimizades e para a construção de um futuro pacífico e de amor é o diálogo. Nós, turcos, acreditamos no seguinte: a pessoa é inimiga daquele que desconhece.

* Tradução: Atilla Kus. Revisão: Mustafa Goktepe

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo