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A revolução do voto evangélico: descubra como esse grupo está redefinindo as eleições no Brasil
O voto evangélico no Brasil cresceu, influenciando eleições com pautas conservadoras, sendo decisivo para a vitória de Bolsonaro em 2018.


Nos últimos anos, o voto evangélico tornou-se uma força crescente e decisiva no cenário político brasileiro. Com o aumento expressivo da população evangélica, que passou de 26,2% em 2010 para cerca de 31% em 2022, conforme dados do IBGE, o impacto desse grupo na política tem sido cada vez mais evidente. Mas o que mudou de fato? E como os evangélicos têm influenciado os rumos das eleições?
Um dos marcos dessa transformação foi a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Contando com um forte apoio dos líderes e fiéis evangélicos, o ex-capitão conseguiu conquistar uma base eleitoral sólida, com pautas que dialogavam com parte deste grupo: a defesa fundamentalista da família e o combate à ‘ideologia de gênero’.
O Brasil, historicamente católico, vem observando uma mudança notável em seu perfil religioso. A população evangélica tem crescido exponencialmente nas últimas décadas, um movimento impulsionado pela expansão das igrejas pentecostais e neopentecostais, que têm forte atuação em comunidades carentes e nas periferias urbanas. Esse crescimento também reflete uma mudança cultural, em que a religião se torna um elemento central não apenas da vida espiritual, mas também das decisões políticas.
Com o aumento do número de evangélicos, passou a haver uma maior organização política desse grupo. Líderes religiosos começaram a ter influência direta sobre o comportamento eleitoral de seus fiéis, com uma mobilização que transcende os púlpitos e invade as redes sociais. A extrema direita, por exemplo, utiliza habilmente esses canais para disseminar mensagens direcionadas a esse público, reforçando a imagem de um candidato comprometido com os valores cristãos.
Em 2018, pesquisas indicavam que mais de 70% dos evangélicos optaram por Bolsonaro no segundo turno, um número que foi crucial para garantir sua vitória. Esse apoio foi além de uma simples identificação com as pautas morais: havia também uma percepção de que Bolsonaro representava um “salvador” diante das ameaças que muitos líderes evangélicos alegavam estar presentes, como a corrupção e a “ameaça comunista”.
Já em 2022, mesmo com uma gestão marcada por crises e polêmicas, Bolsonaro conseguiu manter uma parte significativa do voto evangélico, embora tenha enfrentado uma maior fragmentação. Ainda assim, o grupo evangélico permaneceu um dos seus pilares mais fiéis, e a polarização no país só reforçou o peso desse eleitorado nas urnas. O ex-presidente utilizou intensamente símbolos religiosos durante sua campanha e compareceu a diversos eventos organizados por igrejas, na tentativa de solidificar esse apoio.
O crescimento contínuo da população evangélica no Brasil sugere que esse grupo permanecerá um ator decisivo nas próximas eleições. O que está em jogo agora é se outras figuras políticas conseguirão conquistar essa base ou se ela continuará concentrada em candidatos que representem pautas conservadoras e religiosas. Além disso, o comportamento dos jovens evangélicos, que já nascem em um contexto diferente dos seus pais, será um fator a ser observado nas futuras disputas eleitorais.
A evolução do voto evangélico no Brasil é um fenômeno que não pode ser ignorado. Ele reflete não apenas uma mudança religiosa, mas uma transformação profunda nas relações entre fé e política. E, como as últimas eleições demonstraram, aqueles que conseguirem entender e dialogar com esse eleitorado terão uma vantagem considerável nas disputas que estão por vir.
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