Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Websérie sobre Robertinho Silva destaca sua fluência na percussão

Músico de 80 anos lança suíte percussiva apresentada em 4 episódios: ‘Expresso a diversidade rítmica do Brasil que é a maior do mundo’

Foto: Divulgação

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O ícone da percussão brasileira teve toda sua habilidade apresentada numa websérie de quatro capítulos, disponível no YouTube, lançada no final de novembro. O extenso nome do projeto “Robertinho Silva, 80 anos, Músicas de Trabalho, Ritmos e Cadências do Brasil, Suíte Percussiva” tem sua devida explicação.

Robertinho Silva é celebrado no filme. Ele completou 80 anos em 2021. Músicas de trabalho, ritmos e cadências do Brasil revelam o absoluto domínio e fluência do músico em todo o conjunto de instrumentos que compõe a percussão, incluindo a bateria – a websérie comprova isso.

Por fim, Suíte Percussiva é que se gerou além do filme: um álbum com oito faixas mostrando toda a capacidade do instrumentista, percorrendo com maestria toda multiplicidade musical possível de se fazer com a percussão. É uma exuberância que coloca no lugar certo a percussão na história da música.

A websérie se passa no estúdio onde foi gravado o álbum Suíte Percussiva, em agosto último, no Rio de Janeiro. O filme mostra exatamente as faixas do disco entremeadas com falas do Robertinho Silva sobre sua carreira e depoimentos de músicos.

O percussionista conta várias passagens e vivências. Nesse aspecto, é interessante observar como foi confiado a ele liberdade de criação. Claro que quem concedeu – como Milton Nascimento, com quem o músico acompanhou décadas – tinha certeza que toda a característica mística e rítmica da percussão impregnava por completo Robertinho Silva na execução do instrumento.

A Suíte Percussiva expõe as possibilidades da percussão muito além do comum. Na websérie vê-se isso já no início: Robertinho caminhando com longos tubos nas mãos, batendo-os no chão, com o ritmo acompanhado por guizos amarrados nas pernas; ele segue, toca piano, usa a baquetas nas cordas e nos chamados martelos do interior do instrumento e ainda bate nos gongos localizados nas laterais. Não se trata de experimentação. É conhecimento de ritmo.


“Na suíte percussiva, eu expresso a diversidade rítmica do Brasil, que é a maior do mundo. Mas o brasileiro não está nem aí para isso”, lamenta Robertinho. “E eu venho do ritmo desde os 8 anos de idade”.

Este projeto foi viabilizado pela Lei Aldir Blanc. A idealização e produção são de Gabriel Moreira, Katia Moreira e Claudio França. Músicos participantes: Carlos Malta, Cristina Ribeiro, Dudu Dias, Julio Diniz, Junior Crispin, Rodrigo Pacato e Toni Garrido (que canta na última faixa).

Os filhos de Robertinho Silva (além da neta Sany), que são todos percussionistas, participam do trabalho: Ronaldo Silva (que fez a direção), Thiago Silva e Vanderlei Silva. E tem mais um, que é também instrumentista, mas vive nos Estados Unidos: o baterista Pablo.

Nascimento das Canções

Robertinho Silva e o baixista Alexandre Ito lançaram recentemente o álbum Nascimento das Canções, homenageando Milton Nascimento. Ito acompanha Milton desde 2016.

Yamandu Costa, Carlos Malta, Nivaldo Ornelas e Jaques Morelenbaum são alguns dos músicos que participam do disco.

O trabalho tem 12 faixas e Milton canta em duas delas (Olha e A Chamada). Zé Ibarra interpreta a música Rouxinol. As outras estão em formato instrumental.

Uma das músicas é um folclore popular. Com exceção da clássica Ponta de Areia, de Milton com Fernando Brant, todas as outras 10 faixas são composições somente assinadas pelo cantor mineiro.

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