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Bom Retiro 958 Metros, um bairro sufocado por megaprojetos

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Nas entranhas. Cena de Bom Retiro 958 Metros, um bairro sufocado por megalópoles
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por Álvaro Machado

Viagens alucinantes


Bom Retiro 958 metros


Teatro da Vertigem, estreia 15 de junho


Barafonda


Cia. São Jorge, até 22 de junho

A vocação do Teatro da Vertigem e de seu diretor, Antônio Araújo, para revolver as entranhas da capital São Paulo não esmorece, passados 20 anos de O Paraíso Perdido, montagem no interior da Igreja de “Santa Ifigênia. Após viagens arrepiantes por um presídio e um hospital, veio BR-3, com o público conduzido, numa barcaça digna de Caronte em navegação no curso de esgoto chamado Tietê.

Se naquela peça éramos confrontados com a morte do elemento água, promovida pela totalidade da população paulistana, na nova Bom Retiro 958 Metros somos convidados a testemunhar outro processo de sufocamento. Em caminhada noturna com 15 atores, descobre-se a vida e os movimentos internos de um bairro central que os poderes econômico, legislativo e executivo condenam à demolição sumária, para dar lugar a megaprojetos autocráticos e de parco embasamento social. Novamente de mãos dadas com sociologia e jornalismo, a dramaturgia do Vertigem é servida agora pelo escritor Joca Reiners Terron.


Focaliza imigração, relações de trabalho e a tensão em torno da questão imobiliária.

A voracidade empresarial e a indiferença dos governos, desta vez na Barra Funda, contígua ao Bom Retiro, também são temas de outra companhia, a São Jorge, já premiada com um Shell na categoria “pesquisa e criação”. Em Barafonda, o grupo se ampara em pesquisa histórica e na linguagem de tragédias como Prometeu Acorrentado para promover um percurso diurno entre ruas e carros. Inspirados em festas populares, 30 intérpretes formam às vezes um coro grego para essa reflexão nada sedentária sobre a memória e os destinos da cidade. Como na antiga Grécia, andando se aprende.

por Álvaro Machado

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Bom Retiro 958 metros


Teatro da Vertigem, estreia 15 de junho


Barafonda


Cia. São Jorge, até 22 de junho

A vocação do Teatro da Vertigem e de seu diretor, Antônio Araújo, para revolver as entranhas da capital São Paulo não esmorece, passados 20 anos de O Paraíso Perdido, montagem no interior da Igreja de “Santa Ifigênia. Após viagens arrepiantes por um presídio e um hospital, veio BR-3, com o público conduzido, numa barcaça digna de Caronte em navegação no curso de esgoto chamado Tietê.

Se naquela peça éramos confrontados com a morte do elemento água, promovida pela totalidade da população paulistana, na nova Bom Retiro 958 Metros somos convidados a testemunhar outro processo de sufocamento. Em caminhada noturna com 15 atores, descobre-se a vida e os movimentos internos de um bairro central que os poderes econômico, legislativo e executivo condenam à demolição sumária, para dar lugar a megaprojetos autocráticos e de parco embasamento social. Novamente de mãos dadas com sociologia e jornalismo, a dramaturgia do Vertigem é servida agora pelo escritor Joca Reiners Terron.


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