Cultura
Vertigem e raiz no mangue bit
Remanescente do movimento mangue bit, o grupo pernambucano Mundo Livre S/A reafirma suas bases no efervescente “Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa”


Por Tárik de Souza
Novas lendas da etnia Toshi Babaa
Mundo Livre S/A
Coqueiro Verde
Remanescente do movimento mangue bit, coliderado com Chico Science & Nação Zumbi, o grupo pernambucano Mundo Livre S/A reafirma suas bases programáticas no efervescente Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa.
O quinteto mais uma vez adiciona psicodelia e engajamento político ao samba-rock disseminado por Jorge Ben Jor. Constelação Carinhoca, com participação de BNegão, linca a passagem da garota de Copacabana (ela é carioca, ela é carinhosa, ela é sensacional) ao ato de lavar a calçada (o Ministério do Meio ambiente adverte/ o desperdício de água, além de ser uma agressão à natureza/ é muito deselegante e cafona) e ainda avisa: armadilha pra gringo é o que não falta aqui, amigo. Ecos benjorianos também são ouvidos em Ela É Indie e no romantismo ensaboado de Nenhum Cristão na Via Láctea.
Mas também há algo de Tom Zé no samba escandido Cabôco Copyleft, sarcástico com a internetmania e na radioativa Eduarda Fissura do Átomo (teu pescoço é nuclear/ tremo todo ao chegar perto/ ouço urânio a borbulhar), polvilhada pelos gemidos da cantora Catarina DeeJah. Raul Seixas baixa na marchinha fervente O Velho James Browse Já Dizia (meu conteúdo quente/ vai queimar seu disco virgem/ gravando um lindo arquivo no seu coração).
E até Vinicius de Moraes é lembrado no farpado e épico Soneto do Envelhecido sem Pretexto. Distribuindo humor, malícia (Silvia Machete empresta a voz melíflua a O Varão e a Fadinha) e agulhadas em todas as direções, o Mundo Livre S/A mantém conectadas as antenas do mangue. Raiz e vertigem.
Por Tárik de Souza
Novas lendas da etnia Toshi Babaa
Mundo Livre S/A
Coqueiro Verde
Remanescente do movimento mangue bit, coliderado com Chico Science & Nação Zumbi, o grupo pernambucano Mundo Livre S/A reafirma suas bases programáticas no efervescente Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa.
O quinteto mais uma vez adiciona psicodelia e engajamento político ao samba-rock disseminado por Jorge Ben Jor. Constelação Carinhoca, com participação de BNegão, linca a passagem da garota de Copacabana (ela é carioca, ela é carinhosa, ela é sensacional) ao ato de lavar a calçada (o Ministério do Meio ambiente adverte/ o desperdício de água, além de ser uma agressão à natureza/ é muito deselegante e cafona) e ainda avisa: armadilha pra gringo é o que não falta aqui, amigo. Ecos benjorianos também são ouvidos em Ela É Indie e no romantismo ensaboado de Nenhum Cristão na Via Láctea.
Mas também há algo de Tom Zé no samba escandido Cabôco Copyleft, sarcástico com a internetmania e na radioativa Eduarda Fissura do Átomo (teu pescoço é nuclear/ tremo todo ao chegar perto/ ouço urânio a borbulhar), polvilhada pelos gemidos da cantora Catarina DeeJah. Raul Seixas baixa na marchinha fervente O Velho James Browse Já Dizia (meu conteúdo quente/ vai queimar seu disco virgem/ gravando um lindo arquivo no seu coração).
E até Vinicius de Moraes é lembrado no farpado e épico Soneto do Envelhecido sem Pretexto. Distribuindo humor, malícia (Silvia Machete empresta a voz melíflua a O Varão e a Fadinha) e agulhadas em todas as direções, o Mundo Livre S/A mantém conectadas as antenas do mangue. Raiz e vertigem.
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