Cultura

Uma esfinge por decifrar

Depois de dez anos, David Bowie ressurge em um disco intitulado O Dia Seguinte

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por Tárik de Souza

THE NEXT DAY


David Bowie


Sony Music

Após uma década de sumiço, desde o enfarte sofrido na turnê do disco Reality, de 2003, David Bowie ressurge em um disco intitulado O Dia Seguinte, embora sua capa remeta ao passado. Um retângulo branco com o novo título cobre o centro da foto de Heroes, de 1977, integrante de sua trilogia alemã, gravada em Berlim, entre Low e Lodger. Mas não se trata de uma releitura, embora um dos clipes do disco, a soturna balada Where are We Now?, passeie pela cidade alemã, incluindo cenas do antigo muro e uma de suas praças, a Potsdamer Platz.

O outro videoclipe, ambos disponíveis no YouTube, alude ao permanente jogo de espelhos manejado pelo artista, conhecido pela alcunha de camaleão do rock. Em The Stars (Are out Tonight), um rock nervoso e sarcástico sobre o mundo das celebridades, ele contracena com a atriz inglesa Tilda Swinton, de rosto semelhante ao seu, utilizada como um duplo em cenas intrigantes.

Com lançamento no dia 12, The Next Day atesta, ao menos, a plena forma estética do inspirador, em 2011, do macabro Is David Bowie Dying?, do grupo Flaming Lips. Mesmo sem novos personagens pop à altura de Aladin Sane, Major Tom ou Ziggy Stardust, Bowie, produzido pela 12ª vez pelo fiel Tony Visconti, articula no álbum um rico painel de idiomas do rock. Desde a batida desordenada de Dirty boy, enfumaçada por um sax jazzístico, à lúgubre You Feel so Lonely you Could Die e a reiterativa I’d Rather be High, polvilhada por uma sonoridade Beatle.

Com letras temperadas pelo ceticismo e amargura em Valentine’s Day e na antibélica How does the Grass Grow, o mutante impenitente fecha seu cortejo nas agulhadas de Heat: E eu digo para mim mesmo/ não sei quem sou. Alguém decifrará tal esfinge?

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