Tragédia anunciada

A violência é cada vez preocupante

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Algumas autoridades responsáveis pela educação vêm correndo dizer que não, que é exagero das pessoas, que não existe violência nas escolas. Mas nós, aqui no Brasil, uma coisa já aprendemos: autoridade existe é pra isso mesmo. E essa imoralidade (negar o que todo mundo vê) vai-se tornando tão natural que ninguém mais pensa tratar-se de uma imoralidade. Ou a mentira também não está mais na lista das imoralidades? Sim, porque ultimamente a palavra moral virou palavrão.

Alguém pode suspeitar da veracidade do que digo, mas convivo com muitas pessoas do meio, que me relatam coisas de dar medo. Além disso, também testemunhei muitas dessas cenas, ou delas fui vítima.

Com a quebra de padrões civilizados de convivência, com a permissividade reinante, um aluno jogar uma cadeira por cima de uma diretora é só de brincadeirinha. Não quebrou nada além dos óculos! E depois tem outra: se o aluno estava com raiva da escola, segundo a maioria dos pedagogos que conheço, a culpa é da escola. Qualquer clube fuleiro de periferia é mais atraente do que a escola, não é mesmo?

Onde já se viu escola que exige disciplina, que tenta ensinar alguma coisa (ou tenta facilitar o aprendizado, como agora se diz), que não permite uma porção de coisas como o uso de celular em sala de aula, pode uma coisa dessas?, pede que não se use maconha no banheiro por causa da catinga que deixa, implora para que não se quebrem praticamente todas as instalações!

Uma incomodação. Além disso, não tem piscina, não é toda hora que permite o uso das quadras, não tem uma lanchonete decente. Meu Deus do céu, escola nenhuma tem pista de dança no pátio nem toca os ritmos modernos, rave et caterva, na hora do intervalo.

Outro dia um professor me contou que pediu à diretora que não permitisse a entrada de certo aluno na escola porque estava armado. Calibre 32. Ele mostrou aos colegas. Com medo, ela chamou a polícia, que nada pôde fazer: o menor tinha só quinze anos. Seria necessário esperar a passagem de três anos para poderem fazer alguma coisa.  


Ouvem-se histórias de assustar. Todos os dias acontecem fatos que anunciam a proximidade da tragédia. Ninguém faz nada, ninguém tem coragem para enfrentar a delinquência juvenil. As autoridades em geral queixam-se do ECA e podem ter alguma razão. Mas, sem ferir o Estatuto, não é mais possível educar nossos adolescentes? A quem serve, então, o Estatuto?

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