Cultura

Spartakus aponta ‘privilégio’ de artistas e influenciadores que não se posicionam politicamente

Em entrevista a CartaCapital, apresentador diz que pautar o combate às opressões também é dever de influenciadores brancos e héteros

Cena do clipe da canção "Mission", lançada por Spartakus neste ano. Foto: Reprodução
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Para o apresentador e criador de conteúdo Spartakus Santiago, de 28 anos, parte dos artistas e influenciadores toma a decisão de não se posicionar politicamente por ter “privilégios”, seja por causa da cor da pele, do gênero ou da sexualidade. Homem negro e gay, o jovem baiano diz que falar sobre o combate ao racismo, à homofobia e ao machismo não foi uma opção: “Pra gente, se posicionar é sobreviver”.

Em entrevista ao Instagram de CartaCapital, Spartakus afirmou observar que, atualmente, há mais influenciadores brancos e heterossexuais que pautam o combate aos preconceitos em seus conteúdos, mas por muito tempo não foi assim. O apresentador, que acaba de completar cinco anos de carreira, disse já ter se comparado com muitos youtubers brancos que se beneficiaram ao não firmarem compromisso com esses temas.

“Meu único papel era falar de dor. Eu ficava me comparando com youtuber branco. A vida era tranquila: era publi, viagem, comentários fofos dos seguidores, e eu recebendo hate da extrema-direita. Não é justo que a gente tenha um trabalho tão doloroso na internet. Acho que a gente tem que continuar com essa responsabilidade compartilhada. Quero ver o youtuber branco, hétero, com 1 milhão de seguidores, se posicionando também”, afirmou.

Spartakus também afirmou que manifestou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta eleição para que os seus semelhantes não continuassem “morrendo”. O influenciador mencionou a morte de sua mãe, no ano passado, devido à Covid-19, “enquanto o presidente estava rindo e debochando”.

“Quando a pessoa fala assim: ah, não quero dividir, eu sou favor do amor… Não é sobre isso. É sobre respeitar as vidas das pessoas que foram mortas por causa do presidente. É sobre lutar pela democracia neste País, ser contra a tortura”, declarou o apresentador.

Spartakus acaba de estrear a sua carreira musical, com o lançamento da canção Mission, com forte apelo ao empoderamento e à superação. A composição mistura trechos em português e em inglês e já conta com dois videoclipes. Os recursos arrecadados com a obra serão revertidos a um projeto de prevenção ao suicídio.

Na entrevista, o cantor afirmou que pretende lançar três novas faixas no ano que vem.

“Esse projeto se deu como uma forma de compartilhar com as pessoas o meu processo de terapia como jovem negro e gay”, contou o artista. “Criar essa música me ajudou a ter mais confiança. Eu começava a me imaginar na versão mais confiante de mim mesmo.”

A entrevista está disponível na íntegra na aba de vídeos do Instagram.

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