Cultura

Solo sem monotonia

Grupo De Falla passou pelo funk-metal, hard rock, trash metal, rap e funk carioca

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Por Tárik de Souza 

ROCKS


Flu ybmusic

Autor da Dança Ritual do Fogo, o erudito espanhol Manuel de Falla (1876- -1946), quem diria, inspirou uma tresloucada banda de rock gaúcha. O grupo De Falla, iniciado sob eflúvios do gótico, em meados dos anos 1980, passou pelo funk-metal (abriu até show do Red Hot Chilli Peppers, no Hollywood Rock), hard rock, trash metal, rap e funk carioca, no esdrúxulo Popozuda Rock’n’roll. Radicado em São Paulo, o baixista Flavio Santos, o Flu, saiu da banda em 1995 (teve uma recaída, na volta do grupo, em 2005), mas o espírito De Falla o acompanha na desconcertante carreira–solo. Na estreia, em 1999, E a Alegria Continua, uma colagem eletrônica de bossa nova, lounge, samba hi-tech e pitadas de jazz. Já em No Flu do Mundo, de 2003, mesclavam-se timbre retrô, psicodelia, violões, violinos e samba. Autor de trilhas de cinema (Tolerância, de Carlos Gerbase, Wood & Stock, de Oto Guerra, Anjos do Sol, de Rudi Lagerman), parceiro do cartunista Allan Sieber no inacabado documentário sobre o ator conterrâneo, Paulo Céxks.

Também lançado em vinil, o disco teve o lado A gravado em São Paulo e o B, em Porto Alegre, com alguma variação de instrumentistas. Uma pegada mais concisa na primeira parte e mais farrista na segunda. Desta, nos uivos eletrônicos de Bom Menino, brota o único fragmento cantado (por ele), o debochado refrão em inglês, de I’ll Be a Good Boy. Na palhetada Guista, pontuada por órgão, uma citação anárquica de prefixo carnavalesco. Flu (baixo, samples e teclados) é bom artífice de climas, como o do ganchudo Rocken, com bordão recorrente, o tenso e intenso rock Paulinha e o espacial Batan Batan, créditos certeiros de uma viagem sonora sem monotonia.

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